A EPATV assinalou o dia da saúde mental, esta terça-feira (10 de outubro). O auditório recebeu o colóquio “A Saúde Mental a Nu: sete propostas para a vesti-la de bem-estar”.
O evento foi organizado pelo Serviço de Psicologia da escola profissional com o objetivo de «sensibilizar os estudantes para a importância de cuidar da saúde mental, através das artes, da alimentação equilibrada e do desporto».
Presentes no auditório estiveram vários oradores que partilharam com os alunos a importância da saúde mental, assim como quais as ferramentas que usam no seu bem-estar para prevenir ou superar.
A primeira oradora foi a atriz Dalila Lourenço que falou aos alunos sobre a importância da Arte e de modo particular o Teatro enquanto ferramenta que desenvolve o autoconhecimento.
Dalila Lourenço, que já trabalhou com escolas, defende que o teatro também pode ser uma ferramenta de mudança, dando como exemplo a sua representação enquanto instrumento que fez com que as mulheres se sentissem confortáveis para contar as suas histórias marcadas pela violência e pelo abuso.
De seguida, foi vez da nutricionista Cátia Gomes nutricionista que explicou à audiência a relação entre a saúde mental e a alimentação. «Quando as pessoas têm uma boa alimentação e uma alimentação equilibrada nós conseguimos ingerir o maior número de vitaminas e minerais, logo é mais equilíbrio para o nosso organismo. Portanto, o nosso cérebro conseguirá ficar mais equilibrado», afirmou. A nutricionista deixou ainda um alerta para os perigos do consumo excessivo de açúcares e gorduras para a saúde mental.
Durante a palestra, houve espaço para uma apresentação em vídeo da jornalista Catarina Gomes sobre o seu mais recente livro “Coisas de Loucos”, um olhar sobre a história de oito pessoas internadas no primeiro hospital psiquiátrico português, o Hospital Miguel Bombarda. O livro é uma recoleção de testemunhos de quem teve de viver em isolamento no hospital, partindo de objetos pessoais que deixaram para trás.
A artista Maria Fontes deu um testemunho forte e emocional sobre a sua experiência de vida, marcada pela superação da doença mental e física. Maria Fontes, que estudou canto em Londres, recordou como a arte, de modo em particular a música, a ajudou a superar os momentos mais difíceis. Classifica a ida às consultas de psicologia e de psiquiatria como o momento-chave para «aprender a lidar com as minhas limitações», mas também «aprender a lidar e aceitar as minhas qualidades. O facto de eu ter crescido com a Arte – de ter cantando, dançado e pintando – ajudou-me neste processo de tratamento», sublinha.
Eleine Vianna, atriz, formadora e investigadora, tomou a palavra para explicar aos alunos como a poesia pode servir como forma de expressão. Explicou também o percurso e o crescimento da sua página do Instagram “Movimento Poesie-se”, criado em 2020, para promover a expressão poética. O projeto criado em plena pandemia, conta Eleine Vianna, foi “mexendo com as mil possibilidades de fazer com que as pessoas se sentissem bem naquele momento de extrema solidão”. A palestrante convidou o público a declamar com ela o poema “Ainda Bem” de Maria Rosário Pedreira.
A última palestrante foi a jogadora de futebol Maria Gaspar que discursou com os alunos sobre a sua experiência enquanto atleta profissional. Atualmente ao serviço do Gil Vicente, a atleta conta como o desporto foi um elemento importante de superação nos momentos mais árduos. «No desporto você consegue-se libertar. (…) É uma forma de conseguir tirar tudo o que tens na cabeça», considera Maria Gaspar.
No final das intervenções, houve espaço para uma conversa com todas as oradoras sobre saúde mental, moderado pelo professor Arnaldo Sousa. Um dos temas do debate foi o estado da saúde mental no país.
Dalila Lourenço considera que ainda há um tabu nesta questão e que por isso «é preciso desmistificar para compreender».
Revelou ainda preocupada com o número crescente de «jovens que não se sentem bem, que não sabem o que fazer ou têm receio de pedir ajuda».
A importância da individualidade numa era digital também marcou a conversa. Maria Fontes considera que, por causa das redes, existe atualmente uma pressão social para a gratidão e para se mostrar feliz. «Um dos primeiros passos é aceitar que não existem vidas perfeitas, por vezes podemos não estar gratos, podemos estar revoltados», afirmou a artista. «O psicólogo vai nos ajudar a perceber porque é que nos sentimos assim», acrescentou.
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