Os treinadores Luiz Felipe, Miguel Matos e Luís Estanislau, todos de Guimarães, da equipa técnica do clube de futebol Hubei Chufeng Heli, estão retidos na cidade chinesa de Wuhan, onde vivem, fechada pelas autoridades da China para evitar a propagação da epidemia do coronavírus.
Miguel Matos estava de malas feitas para as Filipinas quando foi impedido de partir, parte de um bloqueio que visa travar a propagação de uma nova epidemia. “É preciso muito azar”, disse à agência Lusa o treinador de guarda-redes do Hubei Chufeng Heli, clube que compete na terceira divisão chinesa de futebol.
“Vim na quarta-feira do estágio de pré-época em Kunming (sudoeste da China), só para pegar nas malas, e esta quinta-feira de manhã fui notificado que não podia sair da cidade”, revela.
“Auto-estradas, ligações ferroviárias e aéreas, está tudo fechado”, descreve. “Não podemos sair daqui”, acrescenta. Miguel Matos conta que em Wuhan, a sétima maior cidade da China, com 11 milhões de habitantes, o silêncio é “total”, com os “estabelecimentos encerrados e as ruas vazias”.
VÍRUS ALASTRA
As autoridades chinesas proibiram as entradas e saídas de Wuhan e de mais duas cidades vizinhas, por período indeterminado, com o objectivo de conter a propagação de um novo tipo de coronavírus. Uma situação que apanhou milhões de pessoas desprevenidas, na véspera do início das férias do Ano Novo Lunar.
O vírus foi inicialmente detectado no mês passado num mercado de mariscos nos subúrbios de Wuhan, a capital da província de Hubei, que é também um importante centro de transporte doméstico e internacional, mas alastrou-se, entretanto, a várias províncias chinesas.
A doença foi identificada como um novo tipo de coronavírus, semelhante à pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.
Inicialmente as autoridades chinesas reportaram apenas 41 pacientes, todos em Wuhan, e descartaram que a doença fosse transmissível entre seres humanos, mas o número de infectados aumentou rapidamente esta semana e atingiu esta quinta-feira os 616, distribuídos por 25 províncias e regiões chinesas, e matou 18 pessoas.