Escavações arqueológicas realizadas pela Sociedade Martins Sarmento, em conjunto com a Universidade do Minho, puseram a descoberto novas gravuras rupestres nos montes de São Romão e do Coto de Sabroso, em Guimarães.
Entre 1 a 15 deste mês, numa cooperação habitual da Sociedade Martins Sarmento (SMS) com o Departamento de História da Universidade do Minho (DHUM), decorreu um estágio de campo que teve como objectivo descobrir algumas das gravuras rupestres registadas pelo investigador Martins Sarmento e dar continuidade aos trabalhos iniciados por Daniela Cardoso no âmbito da sua tese de doutoramento intitulada ‘A Arte Atlântica do Monte de S. Romão (Guimarães) no Contexto da Arte Rupestre Pós-paleolítica da Bacia do Ave – Noroeste Português’.
A campanha arqueológica deste ano, dirigida por Ana Bettencourt (DHUM), em colaboração com Daniela Cardoso (SMS) contou com a presença de cinco alunos do mestrado em Arqueologia. Apesar das dificuldades relacionadas com o coberto arbóreo e arbustivo dos terrenos, ainda assim, foi possível descobrir 11 novos sítios com gravuras rupestres, principalmente nas vertentes sudeste e sudoeste do Monte do Coto de Sabroso (9), na área do Castro de Sabroso (1) e na área da Citânia de Briteiros (2).
As gravuras rupestres agora descobertas revelaram um repertório iconográfico de grande diversidade e originalidade, como é caso de representações de equídeos e de um serpentiforme.
Foram ainda descobertas novas estações de arte atlântica, com distintos motivos circulares, onde se inclui um labirintiforme, além de gravuras de simbologia cristã.
Estas manifestações rupestres inserem-se em distintas cronologias demonstrando que a tradição de gravar nos afloramentos é milenar. Usando métodos comparativos de datação, é possível admitir que as gravuras mais antigas e abstratas (arte atlântica) terão sido realizadas no 4.º e 3.ª milénios a.C. (Neolítico e Calcolítico) em parte contemporâneas dos dólmenes, enquanto os equídeos poderão ter sido gravados pelas comunidades que viveram nos povoados de Briteiros e Sabroso (1º milénio a.C).
As gravuras de simbologia cristã serão de época medieval ou moderna, importantes na medida em que marcam caminhos antigos, hoje em vias de extinção.
Em comunicado, a Sociedade Martins Sarmento realça que “trata-se de um património que urge preservar, quer para valorizar a arqueologia do concelho de Guimarães e o conhecimento do seu passado, quer, porque, em articulação com outros bens patrimoniais, como os já conhecidos monumentos arqueológicos da Citânia de Briteiros e do Castro de Sabroso, poderá constituir um novo atractivo pedagógico e turístico”.