O Caminho da Geira e dos Arrieiros foi “dos mais duros” entre os 25 itinerários jacobeus percorridos pelo escritor Luís Ferreira, mas com características patrimoniais e ambientais que “compensam todas as dificuldades”.
“Completo as bodas de prata com chave de ouro”, adiantou o escritor, reconhecido como “o maior autor português de ficção” sobre o Caminho de Santiago, frisando que “este sem dúvida foi O Caminho”.
“Foi duro, dos mais duros que realizei, mas onde as paisagens de criar momentos eternos, os silêncios rasgados pelo som do riacho a correr nas rochas, o chilrear dos pássaros, as casas de pedra em aldeias perdidas no tempo, compensaram todas as dificuldades”, afirma o autor na sua página na Internet após chegar a pé a Santiago de Compostela.
“Num meio natural único, onde foi preciso muita força e superação para ultrapassar muitos dos obstáculos, chego a Santiago de Compostela com um sorriso estampado no rosto por tudo aquilo que vivi, mas sobretudo que conquistei”, destaca.
Luís Ferreira, que escreveu obras como “O Peregrino”, “A Sombra da Verdade”, “Porque Caminhas?” e ”282 – O Último Caminho Será Sempre o Primeiro”, começou a peregrinação pelo Caminho da Geira e dos Arrieiros no domingo, dia 17 de setembro, em Braga.
O escritor, que nasceu no Barreiro em 1970 e iniciou a sua atividade literária como poeta, em 2007, “apaixonou-se” pelo Caminho de Santiago cinco anos mais tarde.
Este itinerário de 240 quilómetros começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras de Bouro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem.
Nos últimos seis anos foi percorrido por mais de 3.500 peregrinos, sobretudo de Portugal e Espanha, mas também do resto da Europa, da Austrália, Brasil, Japão, México, Azerbeijão, China, Belize ou Aruba.
Foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019 e em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e Norte de Portugal (2021).
O percurso destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira, via do género mais bem conservada do antigo império ocidental romano, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de Santiago de Compostela.