O ‘Estudo sobre os Impactos do Turismo na Cidade de Braga’, cujas conclusões foram apresentadas na segunda-feira, revela “uma percepção altamente positiva” da população residente sobre o turismo na cidade, enquanto que “uma minoria” demonstra preocupações com o aumento da especulação imobiliária e diminuição de alojamento disponível para os locais.
O estudo, um projecto da Associação Empresarial de Braga (AEB), desenvolvido pela Universidade Católica Portuguesa de Braga (UCP), teve como objectivo avaliar as percepções e atitudes bracarenses, em relação ao impacto do sector turístico na cidade, com “vista promover uma maior integração entre os residentes e os visitantes”.
Apresentado pelas docentes Carla Cardoso e Ana Salazar, o documento começa por revelar uma percepção altamente positiva dos residentes sobre o turismo na cidade, com cerca de 90% dos inquiridos a reconhecer efeitos positivos, ou muitos positivos, do turismo em Braga”.
Além disso, aproximadamente de 84% dos inquiridos considera que ainda há espaço para um crescimento do número de visitantes”.
Estas primeiras conclusões são extraídas de um questionário respondido presencialmente a 323 residentes, entre Janeiro e Outubro deste ano. Em simultâneo, foram realizadas entrevistas pessoais com representantes do poder local, nomeadamente com os presidentes das juntas de freguesias com mais turistas. Foi ainda dinamizada uma análise dos dados secundários disponíveis sobre o tema.
Quando questionados sobre os impactos socioculturais, os resultados mostraram que os inquiridos consideram “o aumento das actividades de lazer e eventos, a revitalização de artes locais, artesanato e tradições, a melhoria/revitalização da vida social e cultural, e o aumento da qualidade de vida dos residentes importantes contributos do turismo”.
No que diz respeito aos impactos económicos, verificou-se que “a dinamização do comércio local, o aumento do investimento, a criação de novos negócios e postos de trabalho de emprego e a melhoria das infra-estruturas (estradas e estacionamento) foram os impactos mais reconhecidos pela grande maioria dos inquiridos”.
IMPACTOS NEGATIVOS
Por fim, a nível ambiental, verificou-se que os impactos percepcionados pela maioria dos inquiridos “foram positivos”, estando relacionados com “a revitalização e recuperação do património, o incentivo a novas medidas públicas para preservar o ambiente, a melhoria da paisagem natural, e a própria melhoria do comportamento dos residentes”.
“Em termos de constrangimentos associados ao turismo, embora os resultados tenham demonstrado que os efeitos negativos do turismo não são tão perceptíveis pelos residentes, uma minoria demonstrou preocupações com o aumento da especulação imobiliária, a diminuição de alojamento disponível para os residentes, a perda de identidade cultural e o aumento dos preços das actividades turísticas”, refere o documento
O aumento/congestionamento do tráfego, ruído e lixo foram as principais preocupações demonstradas pelos residentes inquiridos, relativas aos efeitos menos positivos do turismo.
Com base nos resultados, numa segunda parte do estudo, foram propostas prioridades estratégicas e recomendações, agrupadas em seis categorias: comunicação e sensibilização; economia local, conhecimento, experiências autênticas, programas de voluntariado e de intercâmbio cultural e sustentabilidade, num total de 15 acções propostas para implementação.
De destacar que este estudo decorreu no âmbito do projecto ‘Braga: Cidade Autêntica’, financiado pela Linha de Apoio à Sustentabilidade, do Turismo de Portugal.
RESULTADOS ESTIMULANTES
Nesta sessão, que contou com a presença de Varico Pereira, vice-presidente da AEB, do director-geral da AEB, Rui Marques. António Barroso, adjunto do presidente da Câmara de Braga, sublinhou que os resultados do estudo “evidenciam o equilíbrio que Braga consegue estabelecer entre a qualidade de vida dos residentes e a qualidade de bem receber os turistas que chegam à cidade”.
“O turismo só é bom se for efectivamente bom para as pessoas que vivem nesse território e Braga conseguiu atingir este objectivo. Agora o desafio passa por crescer, mas sempre mantendo o equilíbrio e a sustentabilidade, indo ao encontro da estratégia do Município em estabelecer parcerias e contactos permanentes com os diversos stakeholders locais, como é o caso da AEB e a da Universidade Católica”, referiu o responsável.
“Estes resultados são estimulantes, mas também trazem desafios para os agentes públicos e privados para mantermos o equilíbrio, a qualidade e autenticidade da nossa oferta turística” enfatizou António Barroso.
O estudo está disponível para consulta em: https://bit.ly/3tJ9bfT
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