Eurodeputados de Portugal e Espanha escreveram aos chefes de governo dos dois países, António Costa e Pedro Sánchez, alertando para o «impacto negativo que as medidas anti-Covid-19 aplicadas nas fronteiras entre os dois países estão a provocar» de forma particular na Eurorregião Galiza-Norte de Portugal.
«Mais de 12.000 trabalhadores transfronteiriços, para além dos transportadores internacionais, estão a ser obrigados diariamente a perderem várias horas em longas filas de trânsito e a desvios de vários quilómetros das rotas habituais para atravessarem os pontos de passagem da fronteira disponíveis», referem.
As missivas a António Costa e Pedro Sánchez resultam de uma iniciativa lançada pelo eurodeputado português José Manuel Fernandes e pelo espanhol Francisco Millán Mon e são subscritas por todos os deputados do Parlamento Europeu eleitos pelo PSD.
Os eurodeputados pedem que António Costa e Pedro Sánchez «voltem a refletir sobre as restrições que impuseram nas fronteiras entre a Galiza e o Norte de Portugal e envidem esforços no sentido da sua flexibilização, tendo em especial consideração os interesses dos trabalhadores transfronteiriços».
Sublinham que «a Eurorregião Galiza-Norte de Portugal é uma das regiões transfronteiriças mais dinâmicas em toda a União Europeia».
«A própria Comissão Europeia (…) recorda que, na Eurorregião Galiza/Norte de Portugal, existem três Agrupamentos Europeus de Cooperação Territorial (AECT) e quatro Eurocidades, o que demonstra a permeabilidade e a interligação entre estes territórios e dá uma ideia das perturbações sociais e económicas que podem advir de qualquer encerramento da fronteira», explicita-se nas missivas aos líderes dos governos ibéricos.
Os eurodeputados esclarecem que, atualmente, dos 27 pontos de passagem fronteiriços existentes entre a Galiza e o Norte de Portugal, apenas dois estão abertos de forma permanente: a ponte internacional de Tui-Valença e a travessia em Chaves-Verín.
Outros pontos de passagem, como Arbo-Melgaço ou Salvaterra-Monção, abrem algumas horas por dia, mas não de forma contínua. A ponte entre Tomiño e Vila Nova de Cerveira está completamente fechada ao trânsito.
Juntamente com José Manuel Fernandes e Francisco Millán Mon, as cartas são subscritas por Paulo Rangel, Lídia Pereira, Maria Graça Carvalho, Álvaro Amaro e Cláudia Monteiro de Aguiar, a par do eurodeputado espanhol Adrián Vázquez Lázara e de Ana Miranda Paz, porta-voz do Bloco Nacionalista Galego na Europa.