A Europol emitiu esta quinta-feira um alerta sobre o crescimento de grupos online dedicados a “abuso infantil extremamente violento”, avisando que procuram “normalizar a violência e corromper os menores” espalhando ideologias que inspiram “tiroteios em massa ou ataques bombistas”.
A agência europeia de coordenação policial emitiu uma notificação para chamar a atenção para a ascensão destas comunidades que “recrutam abusadores e vítimas” a nível global e funcionam como “seitas lideradas por figuras carismáticas que manipulam e enganam” os seus seguidores para os controlarem.
Estes grupos, explica a agência, procuram “normalizar a violência e corromper os menores, promovendo o colapso da sociedade moderna através do terror, do caos e da violência, e disseminando ideologias que inspiram tiroteios em massa, atentados bombistas e outros crimes”.
A hierarquia dentro destes grupos baseia-se na “quantidade de conteúdos partilhados [online], com os membros mais activos a ganharem classificações mais elevadas” e os participantes a trocarem “material extremamente violento, incluindo imagens sangrentas, crueldade animal, exploração sexual infantil e representações de assassinato”, disse a agência sediada em Haia.
Os infractores utilizam “plataformas de jogos, serviços de streaming [transmissão ao vivo] e redes sociais” para identificar e atrair vítimas, e têm como alvo principalmente jovens vulneráveis, principalmente entre os 8 e os 17 anos, incluindo os da comunidade LGBTQ+, minorias raciais ou jovens com problemas de saúde mental.
“Em alguns casos, os agressores infiltram-se em comunidades de autoajuda ou de apoio online, onde as vítimas procuram ajuda para os seus problemas emocionais”, alertou a Europol.
Os líderes destas comunidades utilizam “várias tátcicas de manipulação” para atrair as suas vítimas e “obrigá-las a gerar conteúdos sexualmente explícitos, a automutilar-se, a prejudicar outras pessoas ou até a cometer assassinatos”.
‘LOVE BOMBING’
Entre os métodos identificados pela Europol está o que é conhecido como ‘love bombing’, que é explicado como “expressões extremas de afecto, compreensão e bondade para ganhar a confiança” do menor.
À medida que a relação avança, recolhem dados pessoais sensíveis da vítima, antes de passarem para “a fase de exploração”, na qual obrigam o menor a produzir conteúdo sexual ou a cometer actos de violência.
Caso a vítima não queira obedecer, os agressores ameaçam partilhar as imagens ou vídeos explícitos com familiares, amigos ou nas redes sociais.
“Uma vez presos nesta rede, os menores tornam-se ainda mais vulneráveis”, pelo que “detectar estas actividades criminosas a tempo é crucial”, sublinha a Europol, partilhando uma lista de “sinais de alerta” nas crianças.
“Preste atenção, entre outras coisas, às suas actividades online (interacção com contactos desconhecidos, utilização de comunicações encriptadas ou exposição a conteúdos preocupantes), isolamento social, sofrimento emocional, interesse por conteúdos violentos ou prejudiciais, mudança de linguagem, utilização de símbolos desconhecidos e ocultação de sinais físicos de dano”, descreve a agência.
“Os perpetradores espalham ideologias prejudiciais, muitas vezes visando os jovens. Estas redes radicalizam-se nas sombras, incitando-os a trazer a violência para o mundo real. A sensibilização é a nossa primeira linha de defesa. As famílias, os educadores e as comunidades devem estar vigilantes e equipar os jovens com competências de pensamento crítico para resistir à manipulação online”, acrescentou a directora da Europol, Catherine De Bolle.
A cooperação internacional é, segundo esta responsável, fundamental, assim como a partilha contínua de informação e a responsabilização dos perpetradores, de forma a “combater estas comunidades perigosas e proteger as gerações futuras do extremismo e do crime”.
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Com TEK