FESTA DAS COLHEITAS (Vila Verde)

FESTA DAS COLHEITAS (Vila Verde) -

Fresco e aromáticos: vinhos verdes da região Cávado estão em crescimento

O Rotary Club de Vila Verde e o Município uniram-se, este final de tarde, para criar um momento dedicado ao vinho verde, característico desta região. O evento contou com a colaboração da Escola Profissional Amar Terra Verde e Associação Empresarial Vale do Homem.

Com palestras de Patrícia Pereira, enóloga da Adega Cooperativa de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez e Joel Cleto historiador, arqueólogo e comunicador, falou-se da história e mercado do produto.

Carlos Pedro, presidente do Rotary Club vilaverdense, refere que «este evento é uma reativação do Rotary Club de Vila Verde». «Durante mais de uma década, este club realizou a festa do vinho verde que recebeu grande reconhecimento nacional, mas acabou suspenso», diz. Agora, o objetivo é continuar.

No final, houve tempo para um Verde Honra, onde se provaram diversos vinhos verdes.

«Este vai ser um grande ano para o vinho, especialmente o verde»

É o que diz a enóloga, Patrícia Pereira. «A região dos vinhos verdes é a denominação de origem que existe desde 1908. É uma das maiores e única no mundo, com condições muito específicas», descreve.

As uvas são colhidas «no ponto de maturação certo, sendo amarelinhas, douradas», aponta. Assim se faz o vinho verde, que toma nome desta região onde é produzido: «repleta de espaços verdes».

Esta região está vinho está «a crescer no mundo». As pessoas já não apreciam tanto «o vinho tinto, que pinta e ecortiça a língua, lembrando diospiros verdes», aponta. O vinho verde é procurado porque «é diferentes, fresco, aromático, com aquele pico, aquele gás», aponta.

Esse sabor é conseguido devido às condições da região. A nossa terra «é granítica, o que acaba por transferir a frescura, da pedra, para os vinhos», aponta. «Temos uma excelente influência atlântica, é uma região considerada anfiteatro, pelos ventos que penetram nos vales» e, por fim, «o clima». O ingrediente final é o saber e «a mão humana», diz a enóloga.

Esta região dos vinhos verdes, que vai de Monção até ao Vale de Cambra, conta com «65 castas únicas», acrescenta. Por ser diversificada, está dividida em sub-regiões, sendo que Vila Verde pertence à sub-região Cávado. «Esta região produz 80 milhões de litros, sendo 40 milhões para exportação», termina.

VINHO VERDE DA REGIÃO TYEM PRESENÇA HISTÓRICA

Durante a apresentação de Joel Cleto, o público ficou a conhecer todo o impacto histórico e cultural do vinho. «Foram analisadas terras de há cerca de 3 000 anos, na idade do bronze, onde se percebeu um grande cultivo da uva», começa.

Refere, ainda, a conotação religiosa do vinho, simbolizando sangue de Cristo. Durante o domínio dos romanos, esta região «produzia vinho para todo o Império», conta. «Por todas as fronteiras foram encontradas ânforas (recipientes) fabricadas na Lusitânia, precisamente a nossa região», revela.

O vinho verde, particularmente, tem popularidade documentada nos documentos mais antigos. Estes, segundo o historiador, tratam sempre de negócios. Do séc. VIII, «há um documento de um mosteiro que refere o vinho verde desta região», sublinha. Na Idade Média, o vinho verde deu grandes lucros ao país com as importações. «Existe um documento de Fernão Lopes que refere 12 mil tonéis de vinho verde para Inglaterra, só num ano», diz. Portugal trocava, assim, vinho verde por bacalhau.

Por fim, apesar da proteção estatal existente, que definia que o único vinho a ser exportado seria o do Douro, Joel Cleto elogia os produtores desta região. «Os produtores souberam manter o vinho verde, continuar a produzir com o seu saber fazer e, recentemente, voltamos a catapultar o produto», termina.

ROTARY CLUB TEM 119 ANOS

É a associação que está na organização deste evento, representada, além do presidente local, Carlos Pedro, pelo ex-governador do Distrito 1970, José Alberto Oliveira.

«Esta é uma organização muito antiga, fundada em 1905», inicia, em Chicago, nos Estados Unidos. Com o tempo, surgiu a Rotary International. Hoje em dia, a associação tem «1 400 membros em todo o mundo e continua a ser uma organização de profissionais e de líderes comunitários que se unem para resolver os desafios e problemas», explica. Tem presença em mais de 200 países.

O ex-governador destaca os valores deste grupo, sendo «companheirismo, amizade, integridade, ética, diversidade, serviço humanitário, liderança», descreve. Destaca, ainda, o contributo da Rotary no combate à poliomielite.

O programa Parceiros Pólio Plus consegui diminuir de «1000 para 46 os casos de pólio no mundo», estando próximos da erradicação. Faltam apenas países como o Cazaquistão, por dificuldade em vacinar.

A «promoção da paz, combate de doença, saúde materna e infantil, apoio à educação, proteção do meio ambiente» são algumas das áreas de trabalho mencionadas por José Alberto Oliveira. A nível pessoal, o ex-governador destaca «a amizade» entre todos e o desenvolvimento de competências como «o falar em público e a liderança», revela.

«A força do Rotary está na diversidade», termina. «Somos um espaço seguro», garante. «Deixo o convite para conhecerem melhor o Rotary, assistirem a reuniões, participarem e, se desejarem fazer parte, são bem vindos, não importa a profissão ou idade, apenas vontade de ser gente de mudança neste mundo que tanto precisa», conclui.

ovilaverdense@gmail.com

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