Vem do tempo do reinado de D. Dinis a tradicional Feira dos Vinte, certame emblemático da Vila de Prado, também conhecida como Feira das Trocas e/ou Feira dos Burros, animais que por ali se comercializavam.
Actualmente, o gado bovino é a imagem de marca desta feira ancestral, realizada em pleno centro da vila, no dia 20 de Janeiro de cada ano. Destaque, também, para algum gado cavalar por lá existente.
No passado, era ali, debaixo dos sobreiros, enraizados no largo de São Sebastião (vulgo campo da feira), que os negociantes compravam, vendiam e trocavam os animais.
Geralmente, usavam uma vara nas mãos, chapéu e, por dentro do casaco, um colete, onde, num bolso grande forrado no interior para o efeito, guardavam o dinheiro.
As varas usadas por esses negociantes/lavradores serviam, na época, também para um pouco de divertimento. O “Jogo do Pau” consistia em juntar homens a manejar as varas, tentando atingir o/s adversário/s ao mesmo tempo que procuravam defender-se dos golpes desferidos.
Era uma boa forma de se esquecer o frio característico desta época do ano.
Nos negócios efectuados, “marralhados” (regateados) até ao último escudo, a palavra dada servia de escritura. O freguês sinalizava a compra com uma pequena verba e, só uns tempos depois, após verificar se o animal servia (para trabalhar, se era manso e se comia bem), é que liquidava a dívida.
Nos “comes e bebes”, o vinho caseiro, sempre presente, chegava ali em pipos, transportado em carros de bois, e era vendido à tigela de diversos tamanhos, sendo frequente beberem várias pessoas da mesma malga.
No final, com o chão a servir de palco, tocava-se, cantava-se e dançava-se até levantar o pó do terreiro.
Depois, já noite dentro, “davam corda às chancas”, calçado usado na altura, para mais uma caminhada de regresso às suas habitações – casas de lavoura, com certeza.
Texto: Emílio Costa
