O chanceler alemão, Olaf Scholz, perdeu, esta segunda-feira, a votação da moção de confiança no Bundestag (parlamento), tal como previsto, abrindo caminho à dissolução parlamentar, que levará o país a eleições antecipadas em Fevereiro.
A moção de confiança, que tinha sido levada ao parlamento alemão na passada quarta-feira, foi votada esta segunda-feira pouco depois das 16h00 (hora local, 15h00 em Lisboa), tendo como resultado 207 votos a favor, 394 votos contra e 116 abstenções. Scholz precisava do voto de pelo menos 367 deputados para que fosse aprovada a moção de confiança.
O ainda chanceler está agora no Schloss Bellevue para propor ao presidente alemão que o Bundestag seja dissolvido. Frank-Walter Steinmeier tem 21 dias para o fazer e para convocar formalmente eleições que deverão acontecer num prazo de 60 dias.
Os alemães deverão ir novamente às urnas a 23 de Fevereiro, mais de meio ano antes do previsto, uma data com a qual a maioria dos partidos já concordou.
A votação desta moção de confiança surge mais de um mês depois do fim da coligação, a 6 de Novembro, composta pelo Partido Social Democrata (SPD), os Verdes e os liberais do FDP. A coligação semáforo (ampelkoalition), assim chamada pelas cores dos partidos que a integravam, terminou depois de Olaf Scholz ter demitido o então ministro das Finanças, e líder do FDP, Christian Lindner, por desentendimentos na discussão do plano para o orçamento.
COLIGAÇÃO RESISTIU TRÊS ANOS
A coligação tripartida, que durou cerca de três anos, enfrentou vários desafios que levaram a divisões cada vez mais acentuadas e a uma instabilidade governativa que custou ao SPD, aos Verdes e ao FDP perdas acentuadas nas urnas, chegando mesmo a obter os piores resultados de sempre em eleições.
Inicialmente, Scholz pretendia convocar uma moção de confiança em 15 de Janeiro, o que levaria a Alemanha a ir a votos no final de Março. Depois da pressão de outros partidos e da opinião pública, o chefe do Governo mostrou flexibilidade.
Antes da votação, o ainda chanceler abriu a sessão no Bundestag com um discurso de meia hora no qual pediu um “voto de confiança a todos os eleitores”. Aproveitou ainda para partilhar algumas das prioridades do programa eleitoral, como a intenção de aumentar o salário mínimo horário para 15 euros.
“Isto beneficiará cerca de sete milhões de mulheres e homens que trabalham todos os dias por pouco dinheiro. O desempenho de todos os trabalhadores de topo conta e não apenas dos dez mil melhores”, revelou.
Scholz defendeu ainda a sua posição relativamente à Ucrânia, adiantando que quer continuar a ser o maior apoiante de Kiev, mas voltou a garantir que não irá enviar soldados alemães para o terreno.
Olaf Scholz volta a ser o candidato escolhido pelo SPD para as próximas eleições antecipadas. Também são conhecidos os candidatos dos Verdes, Robert Habeck; da União Democrata-cristã (CDU), Friedrich Merz; e do partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel.
Com TSF / Foto EPA