A Infra-Estruturas de Portugal (IP) contratou à consultora PwC a elaboração de um estudo sobre o impacto turístico potencial das linhas ferroviárias de alta velocidade Porto-Lisboa e Porto-Vigo, segundo o portal de contratação pública Base.
“O presente contrato tem por objecto efectuar um estudo sobre a avaliação do impacte no sector do turismo em Portugal, devido aos projectos de alta velocidade entre o Porto e Lisboa e o Porto e Vigo”, pode ler-se no documento.
O contrato foi publicado no portal Base no final de Outubro e corresponde a um ajuste directo de 74 mil euros à PwC.
O Jornal de Negócios noticiou que o projecto de alta velocidade ferroviária “arrisca perder mil milhões de fundos europeus” com a demissão do Governo, já que se o concurso público “não for lançado em Janeiro, o projecto não terá a maturidade exigida” para a candidatura a fundos europeus.
“Como o projecto ainda tem de ser aprovado por Resolução do Conselho de Ministros – o que não pode fazer um Governo que não esteja em plenitude de funções – a IP fica sem condições para lançar em Janeiro – como pretendia – o concurso para esta obra”, pode ler-se no Negócios.
EIXO ATLÂNTICO “PREOCUPADO”
Segundo o jornal, nesta fase o concurso poderia contar com 729 milhões de euros de fundos europeus e candidatar-se a mais 300 milhões.
O secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoán Mao, manifestou-se preocupado com as consequências da demissão do primeiro-ministro, António Costa, que “desbloqueou” várias questões da euro-região Portugal – Galiza, mas quanto às ligações entre Porto e Vigo por alta velocidade considerou que “venha quem venha, é algo que não vai mudar”.
OBRAS EM 2027/2028
Na terça-feira, nas jornadas das Redes de Transporte e Logística na Fachada Atlântica, organizadas pela Associação Espanhola de Transporte e pelo Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular em O Porriño, na Galiza, Xoán Mao disse acreditar que a ligação fique pronta em 2030, admitindo o “atraso de alguns meses”.
Já a IP apontou para 2027/2028 o arranque das obras da ligação ferroviária de alta velocidade entre Porto e Vigo, com o vice-presidente Carlos Fernandes a dizer que a obra “dificilmente estará concluída em 2030”, mas observou que nada obriga a que só fique pronta em 2040, o prazo estipulado pela União Europeia para concluir a “rede alargada do corredor atlântico transfronteiriço”.
PROCESSO
Ainda antes da demissão do primeiro-ministro, Carlos Fernandes afirmou que “Portugal lançará no inicio 2024 primeiro concurso para nova linha alta velocidade entre Lisboa e Porto” e, na “fase seguinte” vai “preparar a ligação entre Braga e a fronteira e entre Campanhã e o aeroporto Sá Carneiro”.
Em 13 de Outubro, em Gondomar, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que a obra da linha ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Vigo “vai ser feita”, apesar de ser um investimento “que se julgava que nunca se faria”.
Em Maio, o Governo espanhol adjudicou a realização de um estudo para a saída sul de Vigo, um troço ferroviário de alta velocidade entre a cidade e Valença, parte da linha projectada que ligará a Galiza ao Porto.
Em Setembro de 2022, no Porto, na apresentação do projecto de alta velocidade ferroviária entre Porto e Lisboa, a ligação para Vigo estava “dependente de articulação com Espanha”, segundo o cronograma do projetco da Infra-estruturas de Portugal (IP).
O projecto de alta velocidade Lisboa-Porto, com um custo estimado de cerca de 4,5 mil milhões de euros, prevê uma ligação entre as duas cidades numa hora e 15 minutos, com paragem possível em Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia. Paralelamente, está também a desenvolver-se a ligação Porto-Vigo, dependente da articulação com Espanha, com nova ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro e troço Braga-Valença até 2030.
Foto ‘Lisboa Para Pessoas’