A Associação Nacional de Gerontologia Social (ANGES) criticou esta sexta-feira o plano de desconfinamento na pandemia de covid-19 por esquecer a reabertura dos centros de dia, alertando para o impacto desta situação nos idosos.
“Há mais de um ano que as pessoas saíram destas instituições, que encerraram e não voltaram a abrir”, lamentou à agência Lusa o presidente da ANGES, Ricardo Pocinho.
À margem da abertura do I Congresso Nacional das Organizações Sociais, que decorre de forma virtual, Ricardo Pocinho salientou que “o facto de há um ano os centros de dia estarem fechados potencia uma maior degradação do processo de envelhecimento e uma sobrecarga” em que o país não vai ser capaz de dar resposta “às pessoas que depois vão necessitar de um lar”.
“No dia 14 de Fevereiro, enviámos um pedido de intervenção ao Presidente da República, para que os funcionários dos centros de dia fossem vacinados [contra a covid-19]. Agora já estão incluídos no plano de vacinação, pois já foi pedida a listagem dos trabalhadores das instituições”, adiantou.
O presidente da ANGES frisou que a associação defende a vacinação dos utentes, que nesta fase incluem os maiores de 80 anos ou com doenças crónicas, dos funcionários dos centros de dia “e o regresso imediato às instituições”.
“O Governo tem defendido que os idosos, ao estarem em casa, é uma forma de os proteger. Mas, tendo passado para uma situação de domiciliação, são tratados como apoio domiciliário e não centro de dia”, disse, observando que o apoio domiciliário, na maioria dos casos, é “apenas alimentação e higienização”, o que faz com que, “de alguma forma, o estado generalizado dos idosos se tenha agravado do ponto de vista físico e psicológico”.
Apontando estudos que dão conta do “aumento do índice de pessoas com sintomatologia depressiva, ansiedade e estados de solidão que não se verificaram anteriormente”, Ricardo Pocinho insistiu na reabertura dos centros de dia, pedindo uma data, “até para as instituições estarem preparadas”.
“Os centros de dia são espaços importantes porque defendem os três pilares do envelhecimento activo e saudável. Permitem a promoção da mobilidade e funcionalidade, garantem estímulo cognitivo e manutenção de memória e conhecimento, e asseguram os papeis sociais de cada um através do convívio e contacto com os outros”, destacou.
A Associação Nacional de Gerontologia Social foi fundada em 2012, em Coimbra, para intervir nos planos da gerontologia social. É uma associação sem fins lucrativos e o seu objectivo “é a promoção de um envelhecimento activo e bem-sucedido, nas suas mais diversas formas”.
Também a partir de segunda-feira, os portugueses podem voltar a sair do país, por qualquer via.