Por Luís Sousa
Devo dizer que sim. Há, felizmente, liberdade de expressão em Portugal. Porém, sente-se que há modos de pensamento que se querem tornar reinantes e mandatórios, impondo um pensamento único sobre determinados temas.
O recente caso do fundador da Prozis que se manifestou contra o aborto é um exemplo paradigmático da ditadura do pensamento único que se quer impor em Portugal. Trata-se de um cidadão que, por dar a sua opinião legítima, porque é a dele, vê o nome da sua empresa enlameado nas redes sociais numa tentativa infrutífera deitar abaixo o negócio que, por mérito, construiu e que dá sustento e emprego a muitos cidadãos portugueses, nomeadamente na nossa região.
E nesta manifestação mais recente de ditadura de opinião vemos famosos, que vivem de likes e de seguidores, intolerantes com uma opinião, numa espécie de auto de fé dos tempos modernos, ainda por cima num tema fraturante que divide a opinião pública em Portugal. Se estivéssemos perante um caso de difusão de ideias racistas, xenófobas, homofóbicas ou outras que desrespeitassem os direitos humanos, fossem discriminatórias ou promovessem o ódio entre seres humanos!
A estes ditos influencers assiste-lhes o direito de ter outra opinião e, em face disso, agirem como entenderem. Porém, é, para mim, reprovável do ponto de vista ético, sobretudo pela desproporção entre a opinião em causa e o grau de intolerância com que se manifestaram em relação a ela, pondo em causa uma empresa que, por sinal, até tem importância vital nesta região do Minho, nomeadamente na Póvoa de Lanhoso onde está sediado o seu centro logístico com várias unidades industriais do grupo Prozis, empregando centenas de povoenses.
As redes sociais vieram democratizar, de certa forma, a possibilidade de emitirmos publicamente as nossas opiniões, partilharmos a nossas ideias com os outros, conhecendo-os ou não. Isso é uma mais-valia que só nos enriquece enquanto sociedade. Contudo, é importante que a tolerância e o respeito pelas diferenças que nos separam não contribuam para formarmos uma sociedade dividida a meio, numa espécie de mundo a preto e branco em que de um lado estão os que têm as boas opiniões e do outro lado o maus da fita. Pede-se mais respeito por quem pensa diferente de nós. Mais tolerância precisa-se!