OPINIÃO

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Há lugar para todos

Opinião de Luís Sousa

Há dias tive a oportunidade de ver com as minhas filhas um filme da Disney chamado Zootrópolis. Já foi realizado em 2016, mas mantém uma atualidade tão marcada que merece ser visto em família. Há filmes que podem ser boas oportunidades para se aprender e educar e este é um deles. Zootrópolis faz-nos um convite à reflexão sobre temas como a discriminação social, o preconceito ou as generalizações tão em voga no nosso tempo, sendo um bom ponto de partida para se abordar estes temas em família, de forma descontraída.

O filme é de animação e as personagens são animais, com aspeto antropomórfico, que convivem de forma harmoniosa, em sociedade. Vivem de forma cooperante, desde as presas aos predadores, numa convivência que até poderia ser um exemplo para as nossas sociedades, ditas humanas, mas, infelizmente, cada vez mais desumanizadas.

A personagem principal da história é uma coelhinha, pequena e aparentemente frágil, chamada Judy Hopps, que tem o sonho de integrar as forças policiais da cidade de Zootrópolis. Em função do seu perfil físico e por ser uma coelha, poucos acreditam na concretização do seu sonho, nem mesmo os próprios pais que se resignam à sua condição de meros coelhos. Mas Judy mostra-nos que os sonhos se podem tornar realidade se realmente acreditarmos, ambicionarmos e trabalharmos para isso.

E assim, o primeiro dos preconceitos na história é posto em causa, fazendo-nos pensar se fazem sentido alguns dos juízos de valor que fazemos de forma, às vezes, tão cega. Quantas vezes, em sociedade, julgamos de forma preconceituosa, só porque achamos que sim, pela aparência e quantas vezes somos surpreendidos pela realidade, que nos mostra o quanto os nossos olhos discriminatórios estavam errados?

Mas Judy, mesmo após se tornar polícia, continua a enfrentar a discriminação. Só por ser uma coelha, de aspeto frágil e pequena, são-lhe atribuídos serviços com pouca complexidade. Judy tem ainda um longo caminho para se afirmar! Acaba por se aliar a uma raposa chamada Nick Wild, numa relação que evolui da desconfiança a uma aliança inquebrável. Percebemos que as raposas também enfrentam, em Zootrópolis, o problema da discriminação.

Nick conta a Judy que quando era pequeno tentou entrar para um grupo de escuteiros, mas os outros animais não confiavam nele por ser uma raposa. Esse trauma marcou-o profundamente e levou-o a aceitar o estigma. A falta de oportunidades e o preconceito toldou a sua identidade levando-a a uma vida como marginal, perigoso e traiçoeiro. Porém, tudo mudou após a aliança com Judy. E assim, esta história mostra-nos como com empatia, confiança e as oportunidades certas é possível quebrar ciclos de exclusão. Na verdade, as generalizações, tão em voga atualmente e, muitas vezes, até empoladas por alguns partidos políticos, conduzem a sociedades bipartidas entre os ditos bons e maus, cavando ainda mais fossos entre grupos e pessoas.

A mensagem principal de Zootrópolis é que todas as pessoas devem ter as mesmas oportunidades. Judy vence as expectativas impostas pela sua condição de coelha e Nick, um predador marginalizado, também acaba por encontrar o seu lugar na sociedade. O filme promove a empatia, o diálogo, a aceitação e a convivência entre pessoas diferentes. Acima de tudo, ensina-nos que neste mundo deve haver sempre um lugar para “todos, todos, todos”.

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