A urgência nocturna de gastroenterologia do Hospital de Braga foi encerrada, uma situação que a direcção diz ser “temporária”, mas que a Ordem dos Médicos (OM) classificou de “inaceitável” por “aumentar a pressão” dos centros hospitalares do Porto.
Em resposta enviada à agência Lusa, fonte do concelho de administração do Hospital de Braga apontou que a urgência nocturna de gastroenterologia está temporariamente encerrada, desde segunda-feira, por “questões internas de organização da valência”.
O hospital acrescenta que o conselho de administração está “empenhado para que, com a maior brevidade possível, aquela urgência nocturna seja reactivada”, mas esta situação já foi criticada pelo bastonário da OM, Miguel Guimarães, que alertou para a pressão que está a ser colocada nos hospitais do Porto, nomeadamente no São João e no Santo António.
“Grande parte dos gastrenterologistas do hospital de Santo António e São João têm mais de 50 e 55 anos e teoricamente poderiam deixar de fazer noites e serviço de urgência, mas fazem para ajudar os doentes”, contou Miguel Guimarães, que falava aos jornalistas no Porto, à margem de uma visita ao Hospital de Santo António.
Miguel Guimarães começou por considerar a situação “complexa”, para depois a apelidar de “inaceitável” porque em causa está, disse o bastonário, uma área de referência de cerca de um milhão de habitantes e “vários gastrenterologistas muito jovens”.
“Não é possível que o hospital de Braga diga que não pode assegurar a urgência e que os doentes que necessitem desta especialidade na urgência sejam todos concentrados em dois hospitais no Norte que de si mesma está saturada e em dificuldades”, disse Miguel Guimarães deixando um apelo à Administração Regional de Saúde do Norte para que interceda.
Desde segunda-feira, a urgência de gastroenterologia de Braga não funciona entre as 00h00 e as 08h00.
“De acordo com as redes de referenciação hospitalar em vigor, os doentes passam a ser encaminhados para a urgência metropolitana do Porto, salvaguardando-se, assim, a prestação de cuidados aos doentes”, lê-se na resposta do Hospital de Braga.
Esta unidade hospitalar sublinha, ainda, que aquela urgência nocturna recebia, em média, cerca de seis doentes por mês.
No entanto este argumento não convence Miguel Guimarães que frisou “a importância da gastroenterologia no serviço de urgência” porque, disse, “pode ser uma situação por mês, mas a presença de um médico nestes casos salva vidas”.
“Podem não ser muitas situações, mas as poucas que existem são situações em que tem de se actuar de forma muito rápida. É essencial que no Minho exista uma urgência de gastroenterologia”, concluiu.