O líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares, afirmou esta quarta-feira que vai pedir a Carlos Eduardo Reis, acusado pelo Ministério Público no âmbito do processo Tutti Frutti, para suspender já o seu mandato de deputado do PSD.
Na terça-feira, o Ministério Público deduziu acusações contra 60 arguidos no âmbito do processo ‘Tutti Frutti’ por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência. Entre os acusados estão dois deputados do PSD, Luís Newton e Carlos Eduardo Reis, este último de Barcelos.
No entanto, logo na terça-feira, ao fim da tarde, o deputado do PSD Luís Newton anunciou que vai pedir a suspensão do mandato como parlamentar, apesar de dizer ainda desconhecer a acusação do processo Tutti Frutti, mas Carlos Eduardo Reis, que estará fora do país, ainda nada disse sobre este caso.
Esta quarta-feira, perante os jornalistas, o presidente do grupo parlamentar do PSD frisou qual a sua orientação política sobre a situação em que se encontra Carlos Eduardo Reis, deputado eleito pelo círculo de Braga nas últimas eleições legislativas.
“Carlos Eduardo Reis encontra-se fora do país, terei a ocasião de ter uma conversa com ele nos mesmos termos que tive com o deputado Luís Newton. Sobre esta matéria, quero também ser muito claro e muito transparente: As condições imediatas para o exercício do mandato não estão reunidas e espero que o senhor deputado Carlos Eduardo Reis possa também suspender o exercício do seu mandato”, declarou.
O presidente do Grupo Parlamentar do PSD adiantou que falará em breve com Carlos Eduardo Reis, mas escusou-se a divulgar quando.
Antes, Hugo Soares tinha saudado a reacção de Luís Newton ao facto de ter sido acusado pelo Ministério Público, anunciando logo a suspensão do seu mandato.
O CASO ‘TUTTI FRUTTI’
A operação batizada de “Tutti Frutti” investiga desde 2018 alegados favorecimentos a militantes do PS e do PSD, através de avenças e contratos públicos, estando em causa suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido.
Descrito pela Polícia Judiciária como um pacto de regime, o caso começou com a investigação de vários autarcas e altos dirigentes do PSD, expandindo-se depois para incluir a cúpula socialista na Câmara Municipal de Lisboa em 2017.
Durante este período, o Ministério Público suspeitava que Fernando Medina – que não foi pronunciado na acusação -, à data presidente da Câmara Municipal de Lisboa, terá estabelecido um acordo secreto com figuras do PSD, seis meses antes das eleições autárquicas de 2021.
O objetivo deste acordo seria permitir que o PS apresentasse “candidatos fracos” (termo usado por Sérgio Azevedo, que chegou a ser vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD, numa das escutas), para assegurar a vitória do PSD em certas juntas de freguesia.
Carlos Eduardo Reis é uma figura central da investigação. Está acusado de 22 crimes: 1 de corrupção ativa agravada, 5 de corrupção ativa, 6 de prevaricação, 5 de tráfico de influências, 4 de branqueamento de capitais e 1 de abuso de poder.
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Com CNN Portugal