Foi um salão nobre da Sociedade Martins Sarmento cheio que ouviu Jerónimo de Sousa denunciar “uma continuada ofensiva” contra os direitos dos trabalhadores e “um gritante” agravamento das injustiças sociais.
Falando sobre ‘Valorizar os trabalhadores e defender Abril, resposta necessária’, uma sessão pública promovida pelo PCP em Guimarães, o ex-secretário-geral dos comunistas afirmou que a situação actual do país se caracteriza por “trajecto de retrocesso, onde campearam sucessivos pacotes laborais, os PEC, o Pacto de Agressão, as privatizações e os Orçamentos do Estado restritivos, em nome das chamadas “contas certas””.
Para Jerónimo, esta “ofensiva, que desvalorizou as carreiras profissionais e as profissões, impôs uma injusta fiscalidade a quem trabalha, procurando enfraquecer as organizações dos trabalhadores e a sua unidade”.
Explicou que as opções que trouxeram Portugal a “uma crescente concentração da riqueza nas mãos dos grupos económicos e financeiros e ao empobrecimento de amplas camadas”, mantém-se hoje pela mão do Governo do PS que “age deliberadamente a favor do grande capital e em convergência concreta em muitas questões com PSD, Chega e IL”.
BATALHA PRIORITÁRIA
Qualificando a luta pela valorização dos trabalhadores e pelo aumento dos salários como “a batalha prioritária”, destacou a Constituição da República Portuguesa como garantia de “um acervo de direitos fundamentais que urge defender e fazer cumprir”.
José Miguel Braga usou a letra da música ‘Liberdade’ de Sérgio Godinho como ponto de partida para a reflexão que pretendeu suscitar. “’A paz, o pão, habitação, saúde, educação’ são exigências do nosso tempo que estão consagradas na Constituição da República e que importa defender”, referiu o professor e encenador. Falando criticamente do “pensamento único que as classes dominantes procuram impor”, desafiou os presentes “a inquietarem-se e a desafiarem a situação actual com a sua intervenção activa”.
Já José Manuel Mendes alertou para “o processo de degradação da vida que tem vindo a decorrer” e afirmou que “a luta de classes está hoje mais viva do que nunca”. Invocando a sua experiência passada como deputado na Assembleia da República, o escritor alertou para a importância da Constituição da República e para a opção de sucessivos Governos de incumprirem deliberadamente os direitos nela inscritos.
URGE LUTAR
“Num momento em que PS e PSD procuram um entendimento para mais uma revisão gravosa do texto constitucional, urge lutar todos os dias pela concretização dos direitos consagrados”, frisou.
Helena Peixoto, por seu lado, desenvolveu a abordagem dos problemas laborais e do agravamento da situação dos trabalhadores, a par com a importância dos serviços públicos. Partindo da sua experiência enquanto trabalhadora em funções públicas, ilustrou a situação de baixos salários que atinge a maioria dos trabalhadores, sem deixar de referir os riscos que acarreta o processo de municipalização de várias funções sociais do Estado.
Em nome da DOR Braga do PCP, Alexandre Leite afirmou que a vida dos trabalhadores e de amplos sectores da população conhece “mais dificuldades enquanto um punhado de pessoas concentra lucros como nunca”.
Defendeu que a situação dos trabalhadores exige uma resposta e uma política que “assegure a soberania, o desenvolvimento a melhoria das condições de vida, a defesa e reforço dos serviços públicos, o cumprimento da Constituição, dos direitos que ela consagra e que se impõe levar à prática”.
O dirigente concluiu, sublinhando que “estamos perante a opção de manter o comando da vida nacional nas mãos dos grupos económicos e dos seus interesses ou a de assumir o desafio de romper com a política de direita, defender os valores de Abril e construir a alternativa patriótica e de esquerda”.
Fernando Gualtieri (CP 7889)