O secretário-geral do PCP defendeu este sábado que é preciso “ir bem mais longe” no combate à violência doméstica, numa intervenção centrada no papel das mulheres em que criticou “a política de direita que alimenta uma igualdade de faz de conta”.
Jerónimo de Sousa fez uma curta intervenção em Lisboa, numa sessão sobre ‘O PCP e a emancipação da mulher. Luta secular do presente e do futuro’, perante uma plateia de mais de cem pessoas, maioritariamente feminina.
“É ainda preciso ir bem mais longe na prevenção, sinalização e protecção contra a violência doméstica. Ampliando e dando eficácia a uma intervenção de detecção, sinalização e protecção das mulheres que vivem contextos de violência doméstica, a partir de uma estrutura desconcentrada e articulada, com o reforço dos meios necessários aos serviços públicos e outros que devem intervir neste domínio”, defendeu o líder comunista.
RUPTURA COM A DIREITA
A luta pelos direitos das mulheres, considerou, “exige a ruptura com a política de direita das últimas décadas que alimenta uma igualdade de ‘faz de conta’ dando corpo a uma alternativa política que faça cumprir os direitos das mulheres inserida na política patriótica e de esquerda”.
“As políticas ditas de ‘igualdade de género’, são promovidas pelo sistema para estarem ao seu serviço, não dando resposta a problemas e discriminações a que, apesar de tudo, dão centralidade”, reforçou.
Jerónimo de Sousa defendeu, por outro lado, que a prevenção e combate à “exploração das mulheres na prostituição” se faz criando “condições económicas e sociais para que as mulheres mais pobres e em situações de desespero não tenham que a ela recorrer”, mas também com “programas de saída para as que assim decidam”.
“No PCP, os direitos das mulheres e a sua emancipação são uma responsabilidade de todos os militantes – mulheres e homens – aos diversos níveis da vida partidária, no trabalho institucional, na Assembleia da República, nas autarquias ou no Parlamento Europeu”, salientou.
Para Jerónimo de Sousa, o papel do partido na luta pelos direitos das mulheres “não é uma proclamação de retórica política, nem tão pouco se alimenta do património de acção e luta recebido por gerações de mulheres e homens comunistas”.
“É um exercício prático que temos de fazer a todos os níveis, corrigindo insuficiências, valorizando o que alguns teimam em apagar ou em deturpar, intervindo sobre a realidade para a sua transformação, dialogando e cooperando com todos aqueles e aquelas que defendem os direitos das mulheres, na lei e na vida”, disse.
Para o líder comunista, lutar pelos direitos das mulheres passa por medidas como “a igualdade salarial entre homens e mulheres, indissociável da elevação dos salários de todos os trabalhadores, reduzir o horário de trabalho para 35 horas semanais, pôr fim à desregulação dos horários, fazer cumprir os direitos de maternidade e paternidade ou repor a idade legal de reforma nos 65 anos”, entre muitos outros.
“Na nova política que preconizamos, damos centralidade ao reforço da participação social e política das mulheres aos seus mais variados níveis, bem como à mudança da mentalidade e de comportamentos de mulheres e homens no vencer preconceitos e estereótipos”, disse.
Foto Hugo Delgado