A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e a União da Misericórdias Portuguesas (UMP) assumiram, esta segunda-feira, «a sua preocupação com a grave situação que se vive nos Lares de Idosos e de Deficientes de Portugal no contexto da pandemia Covid-19».
«O Covid-19 é uma doença aguda, de rápida evolução, alta contagiosidade, e elevada mortalidade na população frágil e idosa. Em outros países europeus assistiu-se a cenários de extrema gravidade nos idosos em lar tendo esta população chegado a representar 30% da mortalidade diária», refere um comunicado conjunto.
Considerando que «os Lares não são unidades de saúde e não têm como missão nem possuem condições, quer em termos de infraestruturas, quer em termos de recursos técnicos e humanos para darem acompanhamento na situação de doença aguda», dizem não ser «compreensível nem aceitável que o Estado queira deixar os doentes com Covid-19 nos lares, retirando os utentes que não estão infectados».
«Um doente com infecção Covid-19 necessita de cuidados de saúde, com vigilância diária por médicos e enfermeiros. Precisará muito provavelmente de controlo sintomático em fim de vida por doença aguda e rapidamente progressiva. Suporte que os lares não podem dar sem o apoio complementar da saúde», frisam.
O comunicado acrescenta que «o Governo, através do despacho conjunto, seguido da Orientação da DGS 09-2020, atualizada em 07-04-2020, veio agora claramente impor aos Lares a vigilância e tratamento de doentes com infecção Covid-19, sem definir a cobertura necessária de médicos enfermeiros e o fornecimento de EPI».
«Infelizmente, porém, temos assistido repetidamente nos últimos dias a situações dramáticas de doentes residentes em lar a quem não são assegurados os cuidados básicos de saúde. A verdade é que continuamos no terreno a assistir à decisão de manter os doentes Covid-19 dentro da instituição, sem providenciar antecipadamente o mínimo de cobertura referida, com tristes espectáculos de descoordenação», apontam.
Lembrando que «os lares não abandonam os seus utentes» nem as suas famílias, dizem que «as auxiliares não podem prestar cuidados de saúde em doença aguda».
«Não é a sua competência nem a sua missão. Não são médicos, nem enfermeiras. Porque queremos contribuir para manter o País informado de modo transparente, será produzido um reporte bissemanal da situação nos lares», acrescentam.
Os dois organismos dizem estar «inquieto» com o silêncio do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, a quem pede «tomada de posição» sobre o «seu papel neste esforço de coordenação» que propõem.