A ligação de Paredes de Coura à Auto-estrada 3 (A3) deve abrir ao trânsito no final de 2022, um ano depois do previsto por ter sido encontrada uma calçada romana, cuja preservação implicou a alteração do projecto.
Em resposta escrita a um pedido de esclarecimentos enviado pela agência Lusa, a Infra-estruturas de Portugal (IP) adiantou esta sexta-feira que a empreitada de construção do acesso rodoviário do parque empresarial de Formariz, em Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo, à A3, “esteve temporariamente suspensa por motivos de trabalhos arqueológicos”, tendo sido “retomada no dia 2 de Janeiro de 2022”.
A empreitada, iniciada em Junho de 2020, tinha conclusão inicialmente prevista para Dezembro, no entanto, em Janeiro de 2021 foi anunciado que o traçado inicial da ligação ia ser “ajustado” para garantir “a preservação da via romana”.
O achado arqueológico que integra os Caminhos de Santiago tem “cerca de 45 metros de lajeados de calçada com pequenos muros de contenção e afloramentos rochosos com marcas de entalhes para possibilitar a sua passagem”.
“Ultrapassados os principais constrangimentos ao desenvolvimento da obra, a mesma retomou o seu ritmo normal”, acrescenta a IP, na resposta enviada à Lusa.
ACHADO ARQUEOLÓGICO
Em Janeiro de 2021, o presidente da Câmara de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira, disse à Lusa que, além do “ajuste” ao projecto, que recebeu parecer favorável da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN), a operação implicou “a escavação arqueológica, caracterização e valorização do achado arqueológico”.
O “relatório realizado por uma equipa de arqueólogos antes do início da obra identificou vários valores patrimoniais com impacto directo na construção daquela ligação”.
Entre eles, explicou, “foi identificado, na freguesia de Cossourado, num troço com cerca de 400 metros de extensão, entre a Capela de São Bento e até ao limite do concelho com Valença, numa zona em que é defendido que o Caminho de Santiago de Compostela coincide com a Via Romana XIX, cerca de 45 metros de lajeados de calçada com pequenos muros de contenção e afloramentos rochosos com marcas de entalhes para possibilitar a sua passagem”.
Questionada pela Lusa, a IP disse que o impacto financeiro da preservação da calçada romana no custo global da obra, inicialmente anunciada em 9,5 milhões de euros, será “reduzido, representando um acréscimo de 2 a 3% do valor do contrato inicial”.
O acesso rodoviário, reclamado há décadas por autarcas e empresários, tem cerca de 8,8 quilómetros de extensão, e irá ligar o parque empresarial de Formariz à A3, ao nó de Sapardos, em Vila Nova de Cerveira.
O investimento é financiado pelo Programa de Valorização de Áreas Empresariais, lançado pelo Governo em Fevereiro de 2017.
A empreitada “visa a melhoria das condições de acessibilidade, circulação e segurança” naquele troço e envolve a execução de “quatro novas rotundas para beneficiação das condições de mobilidade na ligação à rede viária local, a construção de oito obras de arte e de uma ponte sobre o Ribeiro das Corredouras”.
A obra inclui a construção de “dois pontões, sobre a ribeira de Sapardos e sobre a ribeira de Borzendes, de duas passagens agrícolas, duas passagens inferiores e uma passagem superior para peões”.