A “Vaca das Cordas” de Ponte de Lima pode vir a estar inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. O Instituto do Património Cultural iniciou a consulta pública.
O Diário da República (DR) anunciou a abertura do processo que dura 30 dias. Agora, o Património Cultural vai decidir sobre o pedido no prazo de 120 dias após a conclusão do período da consulta pública.
Todos os anos, na véspera do Feriado do Corpo de Deus, em junho, Ponte de Limpa cumpre a tradição da “Vaca das Cordas”, da organização Associação dos Amigos da Vaca das Cordas, com o apoio do Município.
No evento, uma vaca ou touro é largado na rua do Arrabalde, em Ponte de Lima, pelas 18h00. O animal corre pela vila, com a condução de quase duas dezenas de pessoas e preso por cordas.
Depois, como manda a tradição, a vaca ou touro é levado à Igreja Matriz, onde fica preso à janela de ferro da Torre dos Sinos. Aí, o animal é banhado com vinho tinto da região que, como diz o costume limiano, vai “lombo abaixo, para retemperar forças”.
O animal dá, então, três voltas à Igreja, com populares a enfrentá-lo e provocá-lo, o que leva a que tropece e caia.
No areal da Vila, junto ao rio, é onde se dão as corridas contra (e para longe) do animal, que rendem sustos, quedas e algumas sequelas.
A noite fica reservada para música, festa e animação, em que são feitos os tapetes floridos, por onde, na manhã seguinte, segue a procissão do Corpo de Deus.
O animal é, posteriormente, abatido e a sua carne vendida num talho local. Na edição de 2024, cinco pessoas foram levadas para o hospital.
Vaca das Cordas remonta a 1646
É o ano da primeira menção à “Vaca das Cordas” , 1646, quando um código de posturas obrigava os moleiros do concelho, ou seja, os ministros de função, a conduzir, presa por cordas, uma vaca-brava, sob condenação de 200 reis pagos na cadeia.
O site Ponte de Lima Cultural conta a história. «De acordo com a Ata de 11 de Julho de 1604 do Livro das Vereações (de 1602 a 1605), conservada no Arquivo Municipal de Ponte de Lima, recentemente divulgada na obra “P’ra Que Viva Ponte de Lima! Terra de Tradições”, de Amândio de Sousa Vieira, editada em 2017 pelo Município de Ponte de Lima, esta tradição já existia naquele ano de 1604».
Em 1720, a pena subiu para 480 reis. Segundo a lenda, a Igreja Matriz seria um templo pagão dedicado a uma deusa que era representada por uma vaca.
Conta-se que os cristão transformaram o templo em igreja e retiraram a imagem da vaca do templo, dando três voltas à igreja com a mesma, arrastando-a, depois, pela vila. Tal como se faz hoje com a vaca ou touro real.
Assim, aqui surgiu a “Vaca das Cordas” que terminou em 1881 pela vereação e voltado a surgir em 1922, desde quando nunca mais parou.
É um momento de adesão à vila e, em 2025, está marcada para 18 de junho.
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