VILA VERDE

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Livro que conta a história musical de Carlos Paredes apresentado em Vila Verde

A Biblioteca Professor Machado Vilela, em Vila Verde, foi palco da apresentação do livro “Carlos Paredes – a guitarra de um povo”, que conta a história da carreira do mestre da guitarra portuguesa. A obra inclui dois concertos gravados, um deles nunca antes ouvido. O autor Octávio Fonseca e o editor José Moças desvendaram o livro na noite desta sexta-feira.

Um trabalho que «começou com uma conversa, em 2019», começa José Moças, na apresentação da obra, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal vilaverdense. Destaca, desde logo, duas obras gravadas que o livro inclui, uma delas inédita.

Carlos Paredes, que nunca chegou a viver da música, não dava muitas entrevistas. Mas, no «concerto gravado a 31 de março de 1984, no Teatro Carlos Alberto, no Porto», faz algo «especial», pois «apresenta música a música», explicando o que vai tocar, completa José Moças. Foi, ainda, o primeiro concerto em nome próprio do “mestre da guitarra portuguesa” em Portugal.

E esse título é, exatamente, o nome da outra obra inédita incluída no livro. “Mestre da guitarra portuguesa” foi gravado em Berlim, no 7º Festival da Canção Política, em 1977. Foi editado pela AMIGA, uma editora da antiga República Democrática Alemã (RDA).

Durante a apresentação, o autor e editor iam tocando, numa coluna, temas de Carlos Paredes para exemplificar o que iam contando.

«Conheci o Carlos Paredes e o filho ainda é melhor que o pai»

Carlos Paredes que, este ano, a 16 de fevereiro, completaria 100 anos, é filho de outro músico, Artur Paredes. Segundo Octávio Fonseca, o pai «revolucionou a guitarra de Coimbra» e o filho «aproveitou tudo isso e descomplicou».

José Afonso, num concerto em Grândola, onde escreveu o seu êxito que tem o nome da terra como título, conheceu Carlos Paredes e, segundo Octávio Fonseca, escreveu, em carta: «Conheci o Carlos Paredes e o filho ainda é melhor que os pais». Para o autor, o «ainda» reconhece a grandeza dos dois, mas destaca a obra de Carlos Paredes.

Octávio Fonseca deixa, ainda, em destaque, o processo de criação do “mestre”. O «modo canção, em que ele apresenta um tema, depois desenvolve» e volta, explica o autor. E o «modo variações, em que Carlos Paredes justapõe diversas quadras musicais, todas diferentes, sem nunca as repetir», vinca.

Depois da explicação, tocam na sala as duas versões diferentes da canção “Verdes Anos”, para mostrar os dois processos.

«Dá-me ideia de que quis morrer em casa, ele que passou tanto tempo a afastar-se»

Sendo um homem natural de Coimbra, Carlos Paredes foi influenciado pelo fado da sua terra e, segundo Octávio Fonseca, inspirava-se «no abstrato». Mais tarde, com canções encomendadas para filmes e teatro, a sua obra começa «a soar a Lisboa», descreve.

Em 1990, grava o último disco, já que a doença do sistema nervoso central, que acabaria por matá-lo, o impediu de tocar nos seus últimos 11 anos de vida.

«Já se sentia a doença, nas mãos, no último disco», reconhece Octávio Fonseca. Mas «é perfeito», vinca. «Aquele disco é a última obra-prima do Carlos Paredes». O autor destaca, ainda, que depois da sonoridade lisboeta, o disco “Canção Para Titi” é um «regresso a Coimbra».

«Aqui, ele voltou a Coimbra, são os lugares, as pessoas que ele gostava da Coimbra. Voltou para casa. A Canção Para Titi, soa toda a Coimbra», diz Octávio Fonseca. «Dá-me ideia que ele quis morrer em casa, ele que andou tanto tempo a afastar-se», termina.

Em 1993, Carlos Paredes foi internado e, até 2004, ano de sua morte, nunca mais tocou.

«O livro é a história musical do Carlos Paredes, não a biografia», conclui Octávio Fonseca. «Os discos são falados, com entrevistas, e aparecem por ordem cronológica. Não foi escrito para especialistas, mas para as pessoas comuns, com linguagem simples», sublinha.

ovilaverdense@gmail.com

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