Luís Marques Mendes, atual candidato presidencial, aponta que o que mais teme da crise política portuguesa é «o divórcio entre cidadãos e partidos». Esta foi uma das ideias que apontou durante a conferência no âmbito do “Aqui Há Cultura”, esta sexta-feira, na Biblioteca Municipal Professor Machado Vilela de Vila Verde.
O evento surge de uma parceria entre a Câmara Municipal, a biblioteca e a Escola Profissional Amar Terra Verde, já na terceira edição.
O político, convidado para a primeira conferência de 2025, defende que «os mandatos devem ser cumpridos», tal como defendeu «Fernando Medina há uns dias», recorda. Na sua intervenção, de tema “O sistema parlamentar português e a construção de governos estáveis: saídas e bloqueios”, criticou ainda o atual sistema eleitoral.
Segundo o mesmo, nas eleições legislativas, votam-se «partidos» e não «pessoas». Já nas eleições autárquicas, o modelo é defendido por Luís Marques Mendes, dizendo que todas deveriam funcionar dessa forma.
Nas autárquicas, «toda a gente sabe em quem está a votar», por conhecer as listas. «A maioria dos líderes políticos gosta do modelo atual porque dá jeito», atira. Assim, «metem nas listas quem não tem qualidades por arranjinhos políticos», aponta. A população, por sua vez, «vota em deputados que não conhece e vai tudo para o caldeirão, bons e maus», reflete.
Crise política precisa de soluções
Marques Mendes foi convidado para a conferência, com este tema, em novembro de 2024, pela organização do “Aqui Há Cultura!”. Começou, assim, por elogiar a «pontaria olímpica», referindo que, no cenário de crise política, a conferência é «uma aula prática».
O político afirma que «nunca deveria ter acontecido crise» e aponta culpas aos “dois lados”: «o Governo não deveria ter apresentado moção de confiança» e, por sua vez, «o PS deveria ter feito o mesmo que fez com o orçamento, deveria ter-se abstido».
Num cenário que é «uma loucura» e «parece uma guerra de associação de estudantes», Luís Marques Mendes diz-se prático e apresenta solução, já que o cenário externo de «instabilidade, incerteza e perigo» nos deveria «unir».
Defende, assim, que há três hipóteses: mudar as leis eleitorais, algo que «está para ser feito desde 1997» ou criar coligações. Nenhuma das duas lhe parece bom caminho. Por isso, defende «entendimento entre o PS e PSD nas condições de governar».
Não se trata de «criar um bloco central», vinca, nem «concordar nas matérias de saúde, educação», entre outras. Para Marques Mendes, o PS e o PSD deveriam acordar que, vencendo um ou outro, «não apresentar moções de censura», «não apresentar moções de confiança» e «negociar orçamentos».
Para Marques Mendes, esta é uma solução «sensata», sublinhando que os partidos devem «olhar menos para eles mesmos e mais para o país». Senão, «o país zanga-se» e não se deve «brincar com o fogo».
Marques Mendes teme abstenção a 18 de maio
Luís Marques Mendes aponta que a população quer «calma» e não «mini-ciclos» com «eleições de ano a ano».
Segundo a sua visão, a situação de crise e instabilidade pode «revoltar a população», fazendo-a reagir. Um dos «riscos sérios» é a abstenção, principalmente nas próximas eleições antecipadas a 18 de maio.
Para isto, Marques Mendes diz esperar que «os partidos políticos façam uma campanha diferente», já que com a abstenção «não perde um, perdem todos», conclui.
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