Um grupo de mães de filhos com deficiência foi esta segunda-feira à reunião do executivo da Câmara de Braga denunciar a falta de respostas na cidade durante as pausas lectivas destas crianças e jovens com necessidades educativas especiais.
Algumas mães, acompanhadas dos filhos que frequentam agrupamentos escolares da cidade de Braga, foram exigir respostas e soluções ao executivo municipal, para que tenham um espaço para Actividades de Tempo Livre (ATL) durante as férias escolares e o ano lectivo, “como qualquer criança dita normal”, dizendo estar em causa cerca de 30 crianças e jovens.
As mães foram impedidas de assistir à reunião do executivo, uma vez que, segundo o município, não fizeram a inscrição prévia obrigatória, mas, no fim da reunião camarária, o presidente do município, Ricardo Rio, e a vereadora com o pelouro da Educação, Carla Sepúlveda, receberam o grupo.
“Esta não é uma resposta estrutural que a câmara tenha internamente e, portanto, tem de encontrar parceiros para ajudar a concretizá-la. Isso não vinha sendo fácil ao longo das últimas semanas, mas, entretanto, surgiram perspectivas recentes de que haverá quem esteja disponível para participar. E, nesse sentido, vamos agilizar os contactos para tentar criar a resposta de imediato, já para esta interrupção letiva”, explicou o autarca aos jornalistas, após o encontro.
Contudo, “a preocupação e o foco” são, segundo o presidente do município, a criação de “uma solução que possa ser duradoura e que possa acorrer a estas situações em contínuo”.
No imediato, a câmara vai contactar com as entidades envolvidas, uma associação da cidade e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), no sentido de perceber como é que “pode operacionalizar a resposta” no terreno para estas crianças e jovens.
“Em concreto, agora, nestes contactos que vamos fazer com a SYnergia [associação] e o IPDJ vamos perceber qual é o custo efectivo da resposta que querem implementar e, em função disso, depois avaliaremos também quais são os montantes da comparticipação”, explicou Ricardo Rio.
Uma das mães mostrou-se confiante quanto à resolução do problema, indicando que algumas destas crianças e jovens, cerca de três dezenas, terminam a escola já esta semana, havendo outros que podem ficar nos estabelecimentos de ensino até ao final do mês.
Em declarações aos jornalistas, Sónia Martins acrescentou que uma das reivindicações é que haja apoio, não só durante as férias de Verão, mas durante todo o ano lectivo, lembrando que será necessário alocar os recursos humanos, uma equipa, “mediante as patologias” de cada uma das crianças e jovens.
Pedem “uma resposta para que os nossos filhos tenham, se escola termina à uma hora da tarde, um ATL para os receber, como acontece com qualquer criança, dita normal”.
“Nós queremos o que os outros têm, não queremos mais do que isso. Queremos qualidade de vida, para eles e para nós. Queremos trabalhar, queremos ajudar o nosso país. Queremos que os nossos filhos estejam na escola, no ATL e, no fim do dia, vamos busca-los e tratar deles”, sublinhou esta mãe.
Em declarações à agência Lusa, Rosa Oliveira, uma das criadoras do movimento ‘Pais em Luta’, diz que um grupo de WhatsApp já junta mais de quatro dezenas de encarregados de educação.
Questionado sobre os testemunhos que ouviu das mães presentes na reunião, o presidente da Câmara de Braga considerou-os “tocantes”.
“São testemunhos tocantes. São situações que nenhum de nós gostaria de enfrentar e que, alguns casos, se arrastam de há muitos anos a esta parte. Aquilo que tive oportunidade também de dizer é que todos temos consciência de que o caminho para a inclusão na nossa sociedade ainda tem um longo percurso a percorrer. Felizmente, no município de Braga, temos cumprido algumas etapas. Temos feito alguns investimentos e alguns projectos que têm permitido minorar e mitigar alguns dos desafios com que estas famílias são confrontadas”, afirmou Ricardo Rio.
O autarca diz que o município está disponível para continuar a trabalhar, mas adverte que muitas destas responsabilidades “cabem também ao Ministério da Segurança Social e ao Ministério da Educação, no fundo, ao Estado central”.