O major Pinto da Costa, natural de Parada de Gatim, em Vila Verde, revelou esta quinta-feira que o seu superior coronel Estalagem lhe pediu para mentir aos procuradores do Ministério Público sobre o armamento furtado em Tancos ter sido recuperado devido a uma chamada anónima.
«O coronel Estalagem, meu superior, disse-me no caminho entre Santa Margarida e o Departamento Central de Investigação e Acção Penal no dia em que as armas foram recuperadas: “Tens de confirmar a questão da chamada anónima”, e eu cumpri», afirmou.
Naquela altura investigador da Polícia Judiciária Militar (PJM), Pinto da Costa falava no julgamento do processo Tancos, onde assumiu, no entanto, que sabia que o material tinha sido recuperado devido à colaboração de um informador.
Para explicar a sua atitude, o major referiu diversas vezes durante o interrogatório que sempre cumpriu ordens e que, enquanto militar, nunca as questionava tal como aconteceu com o que lhe «mandaram dizer» na reunião do DCIAP, acrescentando que não falou da existência de um informador «porque não lhe pediram para dizer».
Segundo o major, sempre trabalhou como investigador da PJM no processo do furto de armas dos paióis de Tancos [que tinha o n.º 48] e sempre prestou contas aos seus superiores, nomeadamente ao coronel Estalagem e ao capitão Bengalinha.
«Para mim tudo estava dentro da legalidade, havia um processo aberto e eu sempre trabalhei nele», dando conta das várias diligências que efetuou com elementos da GNR de Loulé, nomeadamente com o arguido Bruno e Ataíde e sargento Lima Santos.