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Movimento contra a Indiferença quer cidadãos participativos para combater abstenção e salvar a democracia

O ex-jornalista Paulo Sousa apresentou esta sexta-feira, na Biblioteca Municipal de Vila Verde, o “Movimento contra a Indiferença”, que nasceu em Braga e pretende ser um «sobressalto» que contribua para aumentar a participação cívica e reduzir a abstenção já nas próximas eleições.

Definindo o voto como «um dos actos mais nobres em democracia», Paulo Sousa, que é o primeiro subscritor do manifesto, disse que o actual regime democrático «está doente e a precisar com urgência de uma vacina» que alerte os portugueses «para o perigo que constitui a sua ausência do exercício de uma cidadania activa».

«Neste movimento não se procuram culpados, mas soluções. É nosso dever incrementar o confronto de ideias, o debate, a capacidade de uma escolha livre, esclarecida e plural. Precisamos com urgência de restaurar a confiança dos indiferentes, dos que se sentem defraudados, dos que perderam a esperança», apontou.

No caso concreto de Vila Verde, Paulo Sousa lembrou que, tal como a maioria das autarquias portuguesas, «regista níveis preocupantes de abstenção», que representou cerca de 37% nas últimas Eleições Autárquicas.

«Mais do que lamentar, é tempo de não cruzar os braços e agir. Sabemos como é difícil percorrer o caminho necessário à inversão dos números da abstenção, sabemos que as causas são múltiplas, mas temos a responsabilidade de não desistirmos dos que hoje se afastam», apelou.

O antigo jornalista considera, por isso, que este problema é «uma emergência» de âmbito nacional e que deve merecer «a união de todos» para ser possível «fazer a diferença» e aumentar os níveis de cidadania activa, desde logo nos mais jovens.

REAGIR CONTRA A INDIFERENÇA

Em Vila Verde, a apresentação do movimento contou com intervenções do fotojornalista Alfredo Cunha e do advogado e ex-deputado João Lobo, que frisaram a necessidade de existir uma comunidade informada, participativa e que não abdique dos seus direitos constitucionais.

«Há hoje um vírus da alma, dos valores, que corrompe e consome a nossa sociedade. Temos de caminhar para um novo ambiente, em que o indivíduo não esteja amordaçado e fique acima do Estado para que possamos ter uma sociedade aberta, reflexiva e participativa», sublinhou João Lobo.

Lembrando o surgimento da democracia com a Revolução de Abril de 1974, Alfredo Cunha afirmou que o regime democrático tem «apodrecido» com o passar dos anos e chamou a atenção para a «necessidade de conter os populismos que emergem».

«Temos de reagir contra o que temos visto acontecer, em que grupos de delinquentes apoderam-se de instituições e pulverizam-nas. Este é um tempo estranho, em que precisamos de salvar o humanismo, lutando pela dignidade e pela nossa forma de vida. E isso conseguimos através de um envolvimento activo e do voto», sublinhou.

O “Movimento contra a Indiferença” integra empresários, agentes da cultura, docentes, estudantes, sacerdotes, advogados, engenheiros, economistas, jornalistas, cidadãos e cidadãs provenientes de diferentes profissões, idades e género.

Depois de Braga e Vila Verde, deverá ser apresentado noutros concelhos, promovendo igualmente campanhas de sensibilização e outras iniciativas que contribuam para «combater a indiferença e o comodismo» instalados na sociedade, frisou Paulo Sousa.

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