O Ministério Público (MP) arquivou uma queixa-crime apresentada em 2021 pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado contra o empresário vilaverdense José Morais e contra a sua empresa por alegado acesso indevido ao sistema informático do organismo.
Num comunicado divulgado esta quinta-feira, José Morais, que aquando da queixa era vereador na Câmara de Vila Verde, eleito pelo PS, refere que “a justiça tarda, mas não falha” e que “o resultado não poderia ser diferente daquele que aconteceu: o arquivamento total da queixa pelo Ministério Público”.
“Nunca fui constituído arguido e a questão era tão clara que nem sequer fui ouvido neste processo. A justiça funcionou, como sempre acreditei que funcionaria”, acrescenta, apontando “incompetência ou perseguição política” para justificar a apresentação da queixa.
“Ainda hoje me pergunto por que razão é que a CIM apresentou esta queixa. Só encontro duas explicações possíveis: ou incompetência, ou perseguição política. Quero acreditar que neste caso em concreto se tratou apenas de incompetência”, refere.
Num longo comunicado, José Morais sublinha que, apesar de a queixa ter sido arquivada, “houve danos reputacionais” a nível pessoal e empresarial. “Processar ou não os responsáveis pela situação está nas mãos do meu advogado que decidirá o que fazer a partir daqui. Que fique claro: não quero receber um tostão deste processo. Se alguém for condenado a pagar-me indemnizações a verba será integralmente doada aos Bombeiros Voluntários de Vila Verde. Jamais faria isto por uma questão de dinheiro, mas sim por uma questão de honra e em nome de todos os que não têm como enfrentar os poderosos desta vida”, assegura.
COMUNICADO NA ÍNTEGRA:
“A justiça tarda, mas não falha
Ministério Público arquiva queixa com quatro anos
O Ministério Público decidiu arquivar uma queixa-crime apresentada pela Comunidade Intermunicipal do Cávado há cerca de quatro anos contra mim e contra a minha empresa. A queixa alegava que a minha empresa teria feito interceção ilegítima de dados do sistema informático da CIM.
O resultado não poderia ser diferente daquele que aconteceu: O arquivamento total da queixa pelo Ministério Público.
Nunca fui constituído arguido e a questão era tão clara que nem sequer fui ouvido neste processo.
A justiça funcionou, como sempre acreditei que funcionaria.
Incompetência ou perseguição política?
Ainda hoje me pergunto por que razão é que a CIM apresentou esta queixa. Só encontro duas explicações possíveis: ou incompetência, ou perseguição política. Quero acreditar que neste caso em concreto se tratou apenas de incompetência.
Nessa altura eu era vereador da oposição na Câmara de Vila Verde eleito pelo PS e o Secretário Executivo da CIM, Rafael Amorim, que apresentou a queixa ao Ministério Público, nas eleições autárquicas tinha sido o candidato pelo PSD à Câmara de Gondomar, onde perdeu copiosamente e depois, politicamente, acabou por ter um prémio: a nomeação política para Secretário Intermunicipal da CIM do Cávado.
Outra coincidência é o facto de na ocasião desta queixa, António Vilela ser o vice-presidente da CIM.
Quero acreditar que tudo isto são meras coincidências e que houve um erro de apreciação da situação, mas que esta queixa mais pareceu perseguição política, lá isso pareceu!
Cabalas, acusações e insinuações, todas desmontadas
Muitas outras calúnias que foram levantadas contra mim enquanto eu era vereador da oposição tinham um objetivo claro: intimidar-me e desacreditar-me politicamente, tentando atingir o meu caráter. Foi criada uma campanha difamatória contra mim e contra a minha família. O tempo desmontou tudo.
Enquanto vereador do partido socialista fiz uma oposição firme, determinada, sustentada em factos, mas sempre construtiva. Muitas vezes fui até contra o meu próprio partido, o que também desagradou a alguns. Contudo, para mim, os interesses de Vila Verde e dos Vilaverdenses estiveram, e têm de estar sempre, à frente dos interesses pessoais e dos interesses partidários.
Nessa altura, eu e a minha família sofremos imensas acusações e insinuações. Inventaram-se cabalas que eram difundidas através de uma rede comunicacional bem orquestrada que me tentou desacreditar. Até fui ameaçado de morte e os meus familiares foram enxovalhados.
Nunca prestei vassalagem a ninguém. Nunca temi ninguém. Não tinha, como não tenho, rabos de palha. Era, sou e sempre serei sempre um homem livre.
Os que me tentaram intimidar e tentaram arrastar-me para lama foram sempre derrotados na justiça.
Afastado da política e em silêncio há quatro anos
Há quatro anos afastei-me da política e assim pretendo continuar. Nunca mais falei publicamente e nunca mais participei em atividades políticas. Estou em silêncio há quatro anos e depois deste esclarecimento assim pretendo continuar.
Abro agora uma exceção e tomo esta posição pública apenas para repor a verdade e o bom nome da minha empresa e de todos aqueles que nela trabalham. E também porque não abdico da minha honra, da minha dignidade e do meu bom nome.
Nunca ganhei um salário pela atividade política e é do trabalho honesto e honrado que ganho a minha vida. É esse exemplo que quero que os meus filhos tenham.
Indemnização será totalmente para os Bombeiros de Vila Verde
A queixa feita pela CIM do Cávado foi agora arquivada. Todavia, houve danos reputacionais para mim e para a minha empresa. Processar ou não os responsáveis pela situação, está nas mãos do meu advogado que decidirá o que fazer a partir daqui.
Que fique claro: não quero receber um tostão deste processo. Se alguém for condenado a pagar-me indemnizações a verba será integralmente doada aos Bombeiros Voluntários de Vila Verde.
Jamais faria isto por uma questão de dinheiro, mas sim por uma questão de honra e em nome de todos os que não têm como enfrentar os poderosos desta vida”.