Um grupo de moradores contestou, esta segunda-feira, a construção de um complexo desportivo privado, com ginásio e piscina, num “espaço verde” da Rua Luís Soares Barbosa, em São Victor, Braga, onde em 2015 a Câmara tinha plantado cerca de 50 árvores. O autarca Ricardo Rio garante que a obra está devidamente licenciada e que pode avançar “logo que o promotor entenda”.
Os moradores levaram o seu protesto à reunião quinzenal do executivo, alegando que, na altura da plantação, o vereador do Ambiente, Altino Bessa, se referiu àquele espaço como “o novo pulmão verde da cidade”. Para os moradores, a Câmara, ao permitir agora a construção de um complexo desportivo, está a pôr os “interesses imobiliários” à frente dos interesses ambientais e de quem ali vive.
“Este é o único espaço verde da zona”, referiu Miguel Lopes, um dos contestatários, sublinhando que “em Novembro de 2015 foi realizada uma acção de reflorestação naquele local”, o que deu aos residentes a “esperança de que aquele espaço seria dedicado ao bem-estar” de quem ali vive. Já Margarida Viana lembrou que a plantação das árvores foi paga “com o dinheiro de todos” os contribuintes e que aquele “espaço verde” se afigura essencial para a redução do ruído e do calor” e para combater a “progressiva impermeabilização dos solos”.
Os moradores apelaram, assim, à Câmara para reverter o licenciamento do complexo desportivo, mas o presidente do executivo, Ricardo Rio, respondeu que o processo é irreversível. “Este é um tema que não está em discussão”, disse o autarca.
O presidente da Câmara sublinhou que, de acordo com o Plano Director Municipal (PDM) em vigor, aquela é uma zona destinada a equipamentos e não a uma área verde, tendo sido opção da autarquia, em 2018, concessionar o espaço para a criação de um complexo desportivo.
Rio assegurou que foi cumprida “toda a tramitação formal em vigor”, que as licenças estão emitidas e que o contrato está feito, pelo que a obra avançará “quando o concessionário entender”.
Segundo o edil, em 2015, quando decidiu plantar árvores naquele local, o vereador do Ambiente teve “uma atitude meritória”, uma vez que aquele espaço estava “totalmente abandonado”. Segundo Ricardo Rio, algumas das árvores vão ser “reaproveitadas” naquele mesmo local e outras em locais a definir.
Conforme já noticiámos, os moradores da Rua Luís Soares Barbosa, nas imediações do complexo desportivo, lançaram uma petição online contra o avanço da empreitada, que neste momento já conta com mais de mil assinaturas.
O projecto prevê a construção de uma sala de fitness de 1300 metros quadrados, quatro salas de aulas de grupo, duas piscinas interiores, uma piscina exterior, um SPA e ainda um estacionamento subterrâneo com capacidade para 150 automóveis.