Amandine, uma menina francesa de 13 anos, faleceu em 2020, nas mãos da mãe. Sem diversos dentes, a pesar apenas 28 quilos, era trancada numa arrecadação com câmaras pela própria mãe.
Sandrine Pissara, a mãe e autora do crime, de 54 anos, está agora a ser julgada. Antes da morte da filha, já tinha sido denunciada. O caso aconteceu em Montepellier, no sul da França.
A mulher começou a ser julgada esta segunda-feira, com hipótese de uma condenação a prisão perpétua por “atos de tortura” e “barbárie”.
Está em prisão preventiva desde maio de 2021, sendo acusada de violência contra a filha ao há vários anos. O companheiro, Jean-Michel Cros, de 49 anos, também a ser julgado, pode apanhar 30 anos de cadeia por ter privado a enteada “de cuidados e de comida” e por não ter feito nada para a poupar de “morte certa”.
Ao momento da morte, a 6 de agosto de 2020, Amandine morreu pesava apenas 28 quilos, medindo 1,55 metros. De acordo com a Imprensa francesa, ficou provado e concluído por médicos legistas que a morte ocorreu na sequência de um estado de desnutição extrema, associado a sépsis (infeção generalizada) e a uma possível síndrome de realimentação. Esta ocorre quando pessoas desnutridas são alimentadas de forma não cuidada.
Além disso, a adolescente não tinha vários dentes e o cabelo mostrava sinais de ter sido arrancado.
Presente a tribunal, a mãe diz que «não há explicação» e que a menina «não foi privada de comida, ninguém fez isso», referiu.
A par disso disso, acusou a filha de ter comportamentos “mais complicados” durante o confinamento, na pandemia de covid-18, mas diz que nunca a deixou de amar.
Questionada pelo juiz sobre que medidas adotou para ajudar a filha, a mulher garantiu que lhe dizia para comer, seguindo «o papel de mãe e pai», algo que a deixava “esgotada”.
Jean-Michel Cros também alegou não se ter apercebido de nada. «Cheguei a casa tarde, estava convencido de que ela tinha comido”, contou, em lágrimas. «Devia ter reagido», aponta, mas diz que talvez não o tenha feito por «medo» das «reações de raiva» da companheira e mãe da menina.
Juiz não tem dúvidas que mãe matou a menina
Segundo o relatório, o juiz de instrução aponta não ter dúvidas de que Amandine sofreu e morreu nas mãos da mãe.
O advogado do pai de Amandine, Frédéric Flores, concorda. «Temos resultados forenses, temos um corpo martirizado, uma pequena ‘múmia’ de 13 anos que passou um inferno», disse.
Ao longo dos anos, foram feitas várias denúncias contra Sandrine por maus tratos à filha. Foram feitos relatórios e três apresentações a juiz.
Sandrine Pissara teve avaliação psicológica e foi descrita como raivosa e violenta. Com isso, acabou por «transferir o ódio» que sentia por Frédéric para a filha. Privou-a de comida, colocou-a sob «castigos de escrita» e trancava-a numa arrecadação, enquanto a vigiava por câmaras.
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