A surpreendente, polémica e “estranha” recuperação de Donald Trump da infecção pelo covid-19 foi um dos temas mais badalados na passada semana, quer nas redes sociais, quer na imprensa dos Estados Unidos da América, que no próximo dia 3 vota para as presidenciais.
O Presidente norte-americano a atribuiu a sua super-rápida recuperação da doença a um conjunto de terapêuticas que aliavam medicamentos convencionais a outros experimentais ‘made in USA’.
O tratamento “inovador” (e caro) de Trump serviu a Jorge Cotter, director do Serviço de Medicina Interna do Hospital Senhora da Oliveira, em Guimarães, para o balanço da experiência de tratar enfermos de um mal que há quase um ano era completamente desconhecido da classe médica.
Na primeira fase da pandemia, diz a O Comércio de Guimarães, existiam “menos conhecimento, mais dúvidas e medos”.
Hoje em dia, refere, “temos mais conhecimentos e também temos tratamentos mais adequados, pelo menos cientificamente”.
Jorge Cotter reconhece que estes tratamentos “não são os ideais, mas são os possíveis e estamos a aplicá-los como são aplicados em todo o mundo”.
“Não há diferença nenhuma em tratar o Presidente Trump e tratar qualquer doente em Guimarães. São tratados da mesma maneira do ponto de vista científico”, atira o médico e investigador.
“A utilização dos medicamentos, que são os standard no tratamento da covid, é feita aqui em Guimarães de imediato, a qualquer doente que precise. Não há ninguém que fique sem tratamento. Todos estão a ser tratados segundo a legis artis do momento”, frisa.
Sublinha que com este saber recém-adquirido “podemos dar alta mais cedo a uma série de doentes que anteriormente nos levantavam sérias dúvidas quanto à sua capacidade de ultrapassar a infecção”.
Alerta, contudo, para a necessidade de “afinar (…) estruturas de apoio aos doentes que aqui tratamos e ainda não estão em condições de permanecer em casa e em pleno na comunidade”, defendendo que é necessário assegurar “uma retaguarda para esses doentes”.
Foto: JustNews