Um juiz de instrução criminal decidiu, esta sexta-feira, libertar o alegado autor de 20 incêndios florestais que deflagraram nos últimos cinco meses no concelho de Ponte da Barca, devido à greve dos funcionários judiciais.
“O juiz de instrução criminal que estava de turno proferiu um despacho a ordenar a libertação do detido, justificando a decisão com o facto de não ter condições para a realização do primeiro interrogatório judicial, por falta de funcionários judiciais, que estão em greve. O arguido saiu em liberdade com o termo de identidade e residência”, explicou à agência Lusa fonte judicial.
Na quinta-feira, em comunicado, a PJ de Braga adiantou que os 20 incêndios florestais ocorreram entre os dias 09 de Abril e 28 de Agosto, em diversas freguesias do concelho de Ponte da Barca.
As freguesias de Vila Nova de Muía, Touvedo, Paço Vedro Magalhães, Vila Chã e Lindoso foram, durante aquele período, “sistematicamente atingidas por uma onda simultânea de incêndios florestais, causando alerta entre a população local”.
“Alguns dos incêndios ocorreram em zona integrante do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), tendo os mais recentes afetado área localizada em Touvedo, consumindo mais de uma centena de hectares de floresta”, sublinha a PJ.
Segundo a PJ, o homem deverá ainda ser “responsável por dezenas de incêndios lavrados nas freguesias identificadas e noutras, nos últimos anos, o que fez elevar este concelho para um dos que maiores índices de ignições tem averbado”.
O suspeito, “por fascínio pelo fogo, ora se introduzindo na floresta, ora fazendo uso da sua viatura pessoal, sobretudo em período da tarde, através de chama direta, circulava por aquele território e procedia a inúmeras ignições”.
Os “vários locais onde os incêndios ocorreram situam-se em zonas com condições de propagação a manchas florestais de grandes dimensões, gerando enorme risco, potencialmente alimentado pela carga combustível ali existente e pela orografia própria da região, o que se traduziu em elevadíssimo perigo concreto para as pessoas, para os seus bens patrimoniais e para o ambiente, com elevado potencial de destruição de área natural pertencente ao PNPG”.