O cardeal Robert Francis Prevost, de Chicago, foi esta quinta-feira eleito Papa pelos 133 cardeais reunidos em Roma e assumiu o nome de Leão XIV. Aos 69 anos, torna-se o primeiro norte-americano a liderar a Igreja Católica.
Dos cardeais americanos, Robert Prevost já fazia parte da lista com mais probabilidade de ser nomeado Papa, devido à sua inclinação pastoral, perspetiva global e capacidade de governar a Cúria Romana, de acordo com os especialistas.
A sua reputação como moderado e “construtor de pontes”, também pode ser crucial num momento em que a Igreja parece profundamente dividida.
Prevost passou um terço da sua vida nos Estados Unidos. O restante entre a Europa e a América Latina, uma das periferias do mundo, de onde também era natural o argentino Jorge Mario Bergoglio.
O jornal italiano “La Repubblica” considerou-o “o menos americano dos americanos” pela moderação dos seus discursos.
A ideia de um Papa americano foi descartada durante séculos em Roma, seja pela distância – estavam tão longe que geralmente chegavam atrasados aos conclaves – ou por decisões geopolíticas.
Segundo o site especializado Crux, ter um pontífice da maior potência mundial também levantou receios de que a CIA pudesse colocar as mãos na Igreja.
Arcebispo emérito de Chiclayo, cerca de 750 quilómetros ao norte de Lima, Prevost deixou o Peru para se juntar ao governo do Vaticano, onde chefiou o Dicastério para os Bispos, que tem a importante função de aconselhar o Papa sobre a nomeação de líderes da Igreja.
Após a morte de Francisco, Prevost disse que ainda havia “muito a fazer” na transformação da Igreja.
“Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás”, disse ele, no mês passado, ao Vatican News.
“A mensagem é sempre a mesma: proclamar Jesus Cristo, proclamar o Evangelho, mas a maneira de alcançar as pessoas de hoje, os jovens, os pobres, os políticos, é diferente”, acrescentou.
Foi um dos cardeais mais próximos de Francisco, cujo pontificado gerou resistência nos setores mais conservadores.
Mas, ao mesmo tempo, a sua sólida formação em direito canónico tranquiliza os círculos que procuram uma abordagem mais focada na teologia.
Prevost nasceu a 14 de setembro de 1955, em Chicago, e frequentou um seminário menor da Ordem de Santo Agostinho, em St. Louis como noviço, antes de se formar em matemática na Filadélfia.
Poliglota, estudou direito canónico em Roma, onde também obteve o doutorado. Juntou-se aos agostinianos no Peru, em 1985, para a primeira missão no país andino.
Ao regressar a Chicago em 1999, foi nomeado prior provincial dos agostinianos naquela região americana e, posteriormente, prior geral da ordem em todo o Mundo.
Voltou ao Peru em 2014, quando Francisco o designou administrador apostólico da Diocese de Chiclayo.
Quase uma década depois, juntou-se à Cúria, substituindo o cardeal canadense Marc Ouellet, que foi acusado de agredir sexualmente uma mulher e renunciou devido à idade.
Na altura, o falecido pontífice também o nomeou presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.