Texto de Luís Sousa (Médico)
Desde 1998 que em outubro celebramos o Dia Mundial da Visão, razão pela qual, este mês, optei por falar do glaucoma, uma importante causa de cegueira a nível mundial.
O glaucoma é uma doença ocular que pode levar à perda da visão devido a danos progressivos no nervo ótico. Segundo a Organização Mundial da Saúde, é uma das principais causas de cegueira no mundo estimando-se que cerca de 67 milhões de pessoas em todo o mundo sofram desta doença.
Esta doença é resultante do aumento da pressão intraocular devido à acumulação de líquido, chamado de humor aquoso, na câmara anterior do olho. Este humor aquoso é importante para manter a nutrição do olho e é produzido diariamente, de forma contínua, o que implica a existência de um processo de drenagem natural no olho para o manter em equilíbrio. Porém, nas pessoas com glaucoma a drenagem do humor aquoso está bloqueada ou é deficitária resultando na sua acumulação e no consequente aumento da pressão intraocular, que, ao longo do tempo, provoca lesão do nervo ótico e a perda consequente da capacidade visual.
É a perda de visão, especialmente a da visão periférica, o principal sintoma do glaucoma. No entanto, 50% das pessoas que sofrem de perda da visão causada pelo glaucoma não se apercebem que têm a doença. Quando percebem a perda de visão, o dano ao nervo ótico já é grave e irreversível.
Há fatores de risco para o glaucoma como, por exemplo, a idade igual ou superior a 60 anos, diabetes, hipertensão arterial, miopia e história familiar de glaucoma.
Uma vez que o glaucoma geralmente não provoca sintomas para além da perda de visão, é importante fazer regularmente uma avaliação por um oftalmologista ou um optometrista, sobretudo na presença de fatores de risco para a doença. Desta forma consegue-se realizar um diagnóstico precoce e um tratamento adequado que permita prevenir danos nas células nervosas do olho e evitar a perda grave e irreversível de visão.
O tratamento visa reduzir a pressão intraocular para evitar a perda de visão. O glaucoma é, geralmente, tratado de forma crónica com medicação apropriada, normalmente colírios. Em determinadas situações, para aliviar a pressão intraocular, pode ser necessário um tratamento cirúrgico ou com laser. O tratamento não deve ser interrompido sem indicação médica pois importa realçar que a utilização regular das gotas oculares pode prevenir a perda de visão permanente e irreversível causada pelo glaucoma.