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Oficina em Soutelo servia para guardar carros furtados por gangue de Braga

Entre os 27 arguidos que vão ser julgados no Porto pelos crimes de burla qualificada, furto e falsificação, por terem burlado 23 pessoas, comprando-lhes o carro com cheques falsos ou roubados, está um homem de Braga, que tinha um armazém em Soutelo, Vila Verde, onde foram encontrados 15 veículos furtados.

A este empresário do ramo automóvel, o Ministério Público (MP) pede a perda a favor do Estado de um total de 2,045 milhões de euros, que lhe foram encontrados na investigação da PSP e que são considerados “património incongruente”, ou seja, obtido sem justificação contabilística e fiscal.

A acusação refere que este arguido, de Gualtar, Braga, ficou com 28 veículos comprados ao gangue. A maioria destes foi desmantelada, para comercialização de peças, para Portugal ou para o estrangeiro, ou para aplicar em veículos salvados – falsificando dados do motor, do chassis e das matrículas.

Para disfarçar a actividade ilícita geria a empresa do ramo “Acordomatinal” e dispunha de equipamento adequado ao desmantelamento de veículos e de locais próprios para o fazer, em Gualtar e Dume, em Braga, e no Parque Industrial de Larim, em Soutelo, Vila Verde.

Neste armazém, que servia quer para desmantelar viaturas, quer para as guardar, foram apreendidos além dos 15 carros (oito deles da marca BMW), dezenas de peças e acessórios, casos de motores e caixas de velocidade, airbags, depósitos de combustível, auto-rádios, uma direcção assistida, farolins, unidade electrónicas, consola central e outros.

Ao todo, o valor dos carros furtados atingiu 540 mil euros.

SELECCIONAVAM NA “NET”

A maioria dos arguidos é de Braga, embora alguns sejam da Póvoa de Varzim, Vila Nova de Gaia, Guimarães, Gondomar e Almeirim. Quatro deles estão em prisão preventiva.

O conto do vigário – diz a acusação – tinha na sua origem na publicitação na internet, nos sites OLX, Custo Justo e Stand Virtual de anúncios para a venda de carros – sites que nada tinham a ver com as burlas.

As vítimas foram pessoas de Braga, Barcelos, Famalicão, Póvoa de Varzim, Porto e Vila Nova de Gaia.

O MP concluiu que um grupo seleccionava os anúncios de venda na Internet, procurando carros de gama alta, e ligava para os proprietários. Depois de combinarem um encontro “para ver o carro e fazer negócio”, apresentavam-se às vítimas como se fossem parentes dos que haviam telefonado antes.

Usavam telemóveis com cartões pré-pagos, dispondo-se, em alguns casos, a pagar as despesas de deslocação do vendedor. E pediam o NIB – Número de Identificação Bancária. Quando este aparecia, o comprador desculpava-se dizendo que era filho ou sócio da pessoa que compraria o veículo.

Outro grupo ficava com a tarefa de ir ao banco depositar cheques inválidos na conta do vendedor, para que este, face ao talão de depósito e confirmando que o dinheiro já tinha “caído” na conta bancária, passasse a declaração de venda e entregasse o livrete. Os cheques eram ou furtados ou extraviados e o depósito anulado.

Uma terceira parte dos arguidos tratava de vender os carros ou, quando tal não era possível, encaminhava as viaturas para serem desmontadas e vendidas por peças, maioritariamente ao receptador.

A primeira burla foi em Agosto de 2014.

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