VILA VERDE (Tradições)

VILA VERDE (Tradições) -

Oleiros voltou a cumprir secular tradição da “Festa do Pão Quente”

A rua de Santa Marinha, em Oleiros, Vila Verde, foi pequena para acolher a multidão que se deslocou, esta tarde, à casa do mordomo da Páscoa, José Ribeiro, onde se cumpriu a secular tradição do “Pão Quente”. No primeiro dia do ano, o novo mordomo recebe a Cruz e, após benzido o pão, convida a população para o ‘repasto’ do ano novo.

Este ano foram preparados 1.500 kg, divididos em 500 broas. Para ajudar à degustação, juntaram-se outras iguarias: chouriço (20 kg), presunto (12 presuntos com cerca de 75 kg), figos secos (20 kg), rebuçados (10kg) e vinho da região (170 litros).

Por entre mãos ocupadas com broas de pão e copos de vinho, a tradição, com a ajuda de voluntários, consumou-se em casa de José Ribeiro, o mordomo da ‘Cruz pascal de 2024’.

José Manuel Fernandes, pároco da localidade, lembrou a tradição e a sua adaptação aos tempos actuais.

Durante a eucaristia que antecedeu o convívio, o sacerdote lembrou que «esta tradição que se foi adaptando ao longo dos tempos. Os mordomos são pessoas que, ao receber a Cruz, símbolo máximo da nossa fé, recebem também compromissos e responsabilidades, participando em momentos alegres e tristes», referiu.

Ainda sobre esta tradição, reportando-se aos tempos idos, o padre lembrou o facto de o pão servir para «mitigar a fome» e nas tarefas comunitárias a que os mordomos se sujeitavam, como, por exemplo, «limpar os caminhos da terra».

Guardar a Cruz até à Páscoa

À tradição única da “Festa do Pão Quente” junta-se a tradição de guardar a Cruz até à Páscoa.

Segundo ditam as regras da localidade, ficará guardada em casa do novo mordomo até ao domingo de Páscoa, caso até lá não morra ninguém na freguesia. Se falecer, sai para acompanhar o funeral e, a partir dessa data, a Cruz fica na Igreja.

Tradição da “Festa do Pão Quente”

O jornal “O Vilaverdense” tentou saber quando nasceu esta tradição, só realizada na freguesia de Oleiros e sempre na primeira segunda-feira do ano.

De todas as pessoas ouvidas, ninguém sabe explicar como e quando tudo começou ao certo.

Joaquim Nevoeiro, conhecido por “Barral”, é um filho daquela terra.

Com 86 anos, à nossa pergunta começou por responder com um «ui…», para, logo de seguida, se explicar melhor.

«É uma tradição velha, muito velha. Antigamente, no tempo da fome, os mordomos ofereciam pão e vinho. Era o que havia… Depois, quando fui eu, isto há mais de 40 anos, já se oferecia também figos secos. Hoje, como os tempos são outros e há maiores possibilidades, já oferecem outras coisas», assinalou.

Com mais ou menos explicações, a tradição secular oleirense mantém-se viva e parece estar aí para os tempos vindouros.

Em 2025, na primeira segunda-feira do ano, a “Festa do Pão Quente” estará de volta.

ovilaverdense@gmail.com

Por Emílio Costa (CO1179)

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