Oriz S. Miguel, no nordeste de Vila Verde, celebra a Páscoa hoje, domingo de Pascoela. Uma tradição secular une-se a uma festa de grande significado. Ao toque das sinetas e dos foguetes, a visita pascal vai de casa em casa, faz-se a bênção e dá-se o crucifixo a beijar a todos os presentes.
No final da missa, o compasso pascal sai para o adro da Igreja.
Avelino Meireles, ex-presidente de Junta, traz no rosto o sorriso que tão bem o caracteriza. É ele, com a ajuda da família, quem comanda o compasso Pascal deste ano e o principal responsável pelo dia ali vivido neste domingo.
Antes da Cruz ser levada para a sua missão, a Banda Musical de Aboim da Nóbrega saúda-o (a ele e a todos os presentes). Duarte Carvalhosa, maestro, levanta o dedo, dando sinal aos seus músicos para entrarem em acção.
A identidade e a alma minhota vêem-se em (poucas) terras como esta, onde ainda se mantêm hábitos antigos e a grande maioria das portas se abre para deixar entrar Jesus Cristo e todos quantos o acompanham.
Às mesas abastadas juntam-se familiares e amigos em confraternização. Comida e bebida chega para toda a gente. Mesmo quem vem de fora e aparece de surpresa é convidado a entrar.
Uma festa de grande significado católico, marcada por encontros e reencontros, festeja-se com mais amor, em sítios onde toda a gente (ainda) se conhece.
Em certos locais, há flores espalhadas pelo chão até às entradas das habitações, uma espécie de caminho aberto para a visita pascal, dando as boas-vindas a todos.
A presença da Banda Musical é mais um sinal do significado da Páscoa para aquela população. Após a ressurreição de Jesus, a borga está garantida. De Aboim da Nóbrega chegam os sons necessários e apropriados para animar o povo.
No coração de localidades como esta, se necessário for, amigos unem-se para fazer face às despesas e, no final, tudo bate certo.
“Costuma-se fazer um peditório, mas eu, ciente das dificuldades de todos, preferi acarretar com as despesas sozinho”, disse-nos Avelino Meireles, preparando-se para desembolsar da sua carteira mais de 10 mil euros.
Hoje, em Oriz S. Miguel, tal como outrora, percorrem-se todos os caminhos da aldeia, matam-se saudades e deixa-se em cada lar e em cada virar de esquina um dos mais importantes ingredientes desta quadra festiva – a alegria.
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Por Emílio Costa (CO 1179)