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Pais denunciam “comida intragável” no Centro Escolar de Vila Verde

Um grupo de pais do Agrupamento de Escolas de Vila Verde critica a qualidade das refeições escolares, nomeadamente no Centro Escolar, onde na sexta-feira foi servido um prato “intragável”. A denúncia surge depois de os encarregados de educação terem estado na escola “para ver o que os filhos comem”.

“Na sequência da polémica sobre a qualidade das refeições escolares, o director do Agrupamento possibilitou que os encarregados de educação aparecessem de surpresa para almoçar na escola. Alguns pais têm ido e continuarão a ir almoçar à escola para ver o que os seus filhos comem”, explica um encarregados de educação.

Num texto enviado ao jornal “O Vilaverdense”, acompanhado por fotografias, este pai refere que, na última sexta-feira, no Centro Escolar, “da anunciada ementa de arroz de peixe com acompanhamento de salada de alface, pepino e beterraba”, saiu “um arroz completamente seco, empapado, intragável e com uma amostra de legumes”

“Das dezenas de crianças no refeitório, a maioria não comeu o prato e alguns até nem a sopa, sendo muitos tabuleiros devolvidos praticamente intactos”, afirma.

Segundo a denúncia, um dos problemas está no tempo de espera “de horas”, uma vez que “a comida chega, diariamente, às 10h30, sendo depois conservada numa bancada com água quente” e “alguns alunos só são servidos depois das 13h15”.

“Atento o tempo de espera da refeição antes de ser consumida, há ementas que são impraticáveis, porque ficam intragáveis, o que deve ser mais tido em conta. Portanto, sem demérito para as senhoras cozinheiras e às quais se reconhece o esforço, mesmo que as refeições venham bem cozinhadas, o tempo de espera até serem servidas, que é de horas, deteriora e altera os alimentos”, sublinha.

“PRATOS ESQUISITOS”

Também na passada sexta-feira, teve lugar uma reunião com a nutricionista do Município responsável pelas ementas, onde os pais presentes “salientaram a necessidade de simplificação das ementas e de as tornar apelativas com condimentos naturais”.

“De nada vale tanta elaboração nutricional se o resultado são pratos esquisitos, que praticamente vão para o lixo e as crianças ficam sem almoçar. Além disso, em teoria está tudo nutricionalmente equilibrado, mas repare-se no minúsculo acompanhamento de verduras fornecido e também na falta de proteína (peixe) no arroz”, expõem.

Os pais esperam agora que as suas reclamações sejam atendidas, “quanto à alteração de algumas das ementas que reconhecidamente não ficam comestíveis”. “Vamos aguardar a desejada melhoria dos serviços”, conclui.

CÂMARA DIZ QUE FOI CASO “EXCEPCIONAL”

Contactada pelo jornal “O Vilaverdense”, a Câmara de Vila Verde confirma que se registaram “duas queixas” relativamente ao “arroz de peixe” servido na última sexta-feira, “designadamente a dificuldade para garantir a melhor conservação do prato do dia nas refeições mais tardias”.

“Apesar do quadro geral de avaliação positiva por parte dos diferentes parceiros da comunidade educativa em relação às refeições escolares servidas diariamente no concelho, reconhece-se a suscetibilidade de ocorrência de situações que importa corrigir e optimizar”, afirma.

A autarquia sublinha que desenvolveu no presente ano lectivo um “programa que promove o envolvimento dos encarregados de educação no acompanhamento e na avaliação” das refeições escolares, “dando particular relevo à alimentação escolar e reconhecendo o seu impacto no processo de crescimento integral das crianças e jovens”.

“O objectivo é, não apenas o esclarecimento dos encarregados de educação sobre a temática da alimentação em meio escolar, mas também a inclusão destes em todo o processo de confecção e distribuição de refeições, assim como para a concretização de uma alimentação saudável”, enaltece.

De acordo com o executivo liderado por Júlia Fernandes, foi nesse âmbito que “se abriu espaço para a “prova de refeição” por parte dos encarregados de educação, de forma a gerar um relatório que facilita a verificação da viabilidade do prato servido”.

“Salienta-se que, até à data, a grande maioria dos relatórios são satisfatórios. A avaliação ‘in loco’ do fornecimento de refeições é ainda realizada diariamente por duas técnicas de nutrição, que avaliam a qualidade da refeição servida, quer no que concerne às características nutricionais, quer às características organoléticas. Além disso, é valorada a aceitabilidade da refeição por parte das crianças”, acrescenta.

Segundo a Câmara de Vila Verde, “as ementas são elaboradas consoante a conformidade de todos os aspetos analisados, gerando a alteração de alguns pratos, o método de confecção do produto ou até mesmo a exclusão de determinado prato das ementas escolares”.

“Reforça-se que, para além deste acompanhamento, todos os dias existe uma relação estreita com as direções dos agrupamentos que possuem pessoal docente e não docente a usufruir da refeição, participando também na avaliação da mesma”, frisa.

SEIS PONTOS DE CONFECÇÃO

Relativamente ao transporte de refeições para o pré-escolar e 1ºciclo, o Município refere que actualmente “apresenta seis pontos de confecção, fazendo distribuição a quente para 26 estabelecimentos de ensino” e que, para garantia da segurança alimentar e da qualidade da refeição, “proveu os estabelecimentos de ensino com equipamentos de manutenção da temperatura (banhos-maria)”.

“Tratando-se de rotas de distribuição, a empresa responsável pelo serviço, Eurest, sempre se disponibilizou em reajustar as rotas conforme necessidade. Neste contexto de avaliação e acompanhamento contínuos para assegurar o melhor serviço, a entrega das refeições no Centro Escolar foi alterada para as 11h45, num procedimento em avaliação sobre a sua aplicabilidade”, refere.

No que concerne à realização da ementa, esta é elaborada pela nutricionista do Município em parceria com as representantes da empresa, tendo como base as “Orientações sobre Ementas e Refeições Escolares”

“O objectivo é assegurar uma ementa variada, equilibrada e segura. Assume-se o refeitório escolar como “um espaço educativo”. E importa alertar que “a educação alimentar inicia em casa”. Salienta-se que a obrigatoriedade da presença de hortícolas ou legumes é diariamente salvaguardada e reforçada em todos os estabelecimentos de ensino, apesar do conhecimento quanto à sua rejeição, na maioria dos casos”, afirma.

Por isso, sublinha a autarquia, “tem sido promovida a opção por servir quantidades reduzidas em cada prato, incentivando-se que os alunos possam solicitar mais quantidade se assim o pretenderem.”.

“Com a colaboração e contributo de todos, num processo aberto e partilhado, o Município de Vila Verde continuará a promover um serviço de excelência para as refeições escolares, em defesa de uma alimentação saudável e das melhores condições de crescimento e desenvolvimento integral das nossas crianças e dos nossos jovens”, conclui o esclarecimento.

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