OPINIÃO

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Património Arqueológico do concelho de Vila Verde implora por valorização

Artigo de Luciano Vilas Boas

 

Portugal tem demonstrado diversificação de oferta nos “produtos” com potencial turístico. Também fruto do incremento de voos low cost, o turismo já não é apenas de praia no Algarve. O turismo ecológico ou de base natureza veio para ficar com locais para observação de espécies animais, rede de trilhos, passadiços e agora baloiços, o que tem incrementado sobremaneira a deslocação de pessoas para usufruto da natureza. Muitos outros exemplos poderiam ser demonstrados, mas uma das vertentes que mais tem crescido sem dúvida é a do turismo cultural. A vizinha cidade de Braga, tem hoje uma rede de locais visitaveis de índole arquitetónica e arqueológica, que atraí cada vez mais visitantes de todos os quadrantes do globo. Também o vizinho concelho de Ponte de Lima tem conseguido “capitalizar” o cada vez maior número de turistas a visitar o norte de portugal, através de uma rede de oferta muitíssimo diversificada e onde o património não tem sido esquecido.

Olhando para o concelho de Vila Verde é irrefutável o seu rico património, especialmente o arqueológico, contando com uma das maiores necrópoles megalíticas do norte de Portugal (nos montes do Borrelo, Bustelo e Moinho Velho), diversos povoados da Idade do Bronze e da Idade do Ferro, locais de mineração e de habitat do período Romano, muitos destes sítios, sido alvo de estudos por investigadores da Universidade do Minho e não só e cujos resultados enriqueceram o acervo do Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa, em Braga. Ainda assim, estranhamente não existe um único sítio arqueológico valorizado no concelho. O tempo não espera e vivemos hoje já a caminho do final do primeiro quartel do séc. XXI, período de grande entusiasmo turístico. O que no falta para valorizar o nosso património? 

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Mamoa/tumulo Pré-Histórico em 1º plano

Este texto chega após uma recente visita ao monte do Oural, o qual com regularidade trilho com prazer. Recentemente foi inaugurado um baloiço neste monte, um dos ex-libris do concelho de Vila Verde. Constatei, uma grande afluência de pessoas para poderem desfrutar da magestosa paisagem que daí se pode contemplar. A localização da estrutura proporciona uma explêndida experência sencitiva. No entanto, é hilariante verificar que a medear o parque de estacionamento e o baloiço existe uma Mamoa ou Anta, isto é, um túmulo Pré-Histórico Neolítico, de há cerca de 6000 anos, sem qualquer tipo de valorização. A existência deste monumento megalítico é conhecida há muitas décadas e é incrível como ficou esquecida no caminho para o baloiço, servindo apenas e, por vezes, para pódio fotográfico. Tem sido prática, e com muito sucesso, a criação de rotas com multíplos e distintos pontos de interesse. Aliar uma paisagem por si só deslumbrante a um baloiço foi bem delineado. Imaginem agora acoplar ainda um túmulo Pré-histórico e o primeiro sítio com Arte Rupestre Atlântica descoberto no concelho, não longe deste mesmo túmulo, possibilitando ao visitante o conhecimento do seu passado remoto e das populações que por ali, há tantos anos, também contemplaram a mesma paisagem! Esta receita com diversificados ingredientes parece ter aquilo que é necessário para que o fluxo de pessoas não cesse após a novidade. 

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Moto circulando no limite do tumulo Pré-Histórico

A valorização didática e turística deste monumento, após o seu estudo, não tem apenas o objetivo de trazer visitantes, mas primeiro que tudo consciencializar as pessoas para a necessidade de preservar um bem comum, o património cultural, evitando assim que mais acções destrutivas possam acontecer sobre este monumento, já parcialmente afectado por “caçadores de tesouros”. 

Salienta-se desde já o interesse manifestado pelo Presidente da Junta de Freguesias de Vade, na valorição destes elementos patrimoniais, que se espera possa ir avante, em benefício de todos.

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