A Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora alertou que a descarga de peixe no porto é, há um ano, feita “à mão, caixa a caixa”, após os pontões flutuantes para pequenas embarcações terem ficado inoperacionais.
“Os dois pontões que eram usados pelas pequenas embarcações moveram-se com o mau tempo e a passagem de acesso caiu. Temos um pontão fixo, onde é preciso subir uma escada a pique. Imagine o que é tirar as caixas de peixe à mão, uma a uma, caixa a caixa.
Há pessoas de mais idade que nem conseguem”, lamentou Vasco Presa, presidente da Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha.
Contactada pela Lusa, a Docapesca explicou que a resolução do problema está dificultada pelo assoreamento da bacia portuária, estando prevista uma dragagem “no final do inverno marítimo de 2024”.
“Relativamente aos pontões flutuantes, tiveram de ser retirados há cerca de um ano para reparação, não tendo sido ainda possível a sua recolocação, devido a questões de segurança relacionados com agravamento do assoreamento da bacia portuária. Está prevista a realização de uma dragagem por parte da DGRM – Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos”, indicou a Docapesca.
Entretanto, diz a Associação de Pescadores, “sete embarcações já saíram” do porto de Vila Praia de Âncora para operar noutros portos, por não conseguirem fazer a descarga do pescado, acrescentou o responsável.
Mantêm-se no porto de pesca de Vila Praia de Âncora “15 embarcações profissionais”, que enfrentam “problemas de segurança” com a descarga manual para o único pontão acessível, indicou Vasco Presa.
“Tirar 30 caixas de peixe à mão, depois de uma noite no mar, é complicado”, desabafou.
O presidente da associação observa que “o pontão existente é para barcos de grande porte, ou seja, é inútil, e os dois pontões para embarcações mais pequenas estão ambos inoperacionais”.
“Estamos à espera que o problema seja resolvido pela Docapesca”, disse.
Outro problema do porto de pesca é a falta de água, que se prolonga “há 15 dias”.
“A Docapesca informou que íamos estar algum tempo sem água porque havia uma fuga, mas já passaram 15 dias”, descreveu.
Vasco Presa alerta que as casas de banho não têm água e que, num porto, a água “é imprescindível para higienizar as embarcações e a roupa usada pelos pescadores na água”.
“Há aqui muitas questões a prejudicar a pesca”, lamentou.
A Docapesca explicou à Lusa que “existem já vários pedidos de regularização” das ligações à rede, pelo que, “na sequência de uma visita técnica realizada na terça-feira pelos serviços da Docapesca e das Águas do Alto Minho, são iniciados hoje os trabalhos com vista ao restabelecimento do fornecimento de água”.
A empresa esclarece ter sido contactada pela Águas do Alto Minho “sobre a existência de uma fuga de água de grandes dimensões na zona do porto de pesca, solicitando autorização para realizar uma intervenção”.
Na sequência da intervenção, feita “há cerca de duas semanas, foi identificado que a rede de água interior ao porto apresentava várias ligações irregulares, das quais não existia conhecimento pela Docapesca, nem qualquer cadastro”.
“Com vista à resolução imediata das fugas na rede de água, foi necessário interromper o abastecimento da água do porto, tendo sido informados todos os utilizadores que deveriam solicitar junto dos serviços da Docapesca a regular ligação das suas instalações à rede”, descreve a empresa.