As pesqueiras ancestrais do rio Minho, partilhado pelo Alto Minho e pela Galiza, integram um novo produto turístico de Melgaço que pretende divulgar aquelas construções em pedra, em fase de classificação como património imaterial.
O presidente da Câmara de Melgaço adiantou à Lusa que o novo produto turístico “nasce de uma aposta de uma empresa de animação de Castro Laboreiro, mas que envolve o município, a capitania de Caminha e os pescadores locais”.
“A autarquia e a capitania criam as condições necessárias para a visitação, melhorando os trilhos que dão acesso às pesqueiras. A capitania concede a autorização e dá orientações para que a visitação aconteça em segurança”, explicou Manoel Batista.
Aos pescadores, adiantou o autarca, caberá a missão de transmitir a riqueza da arte de pesca, nas pesqueiras. “Este produto turístico deixará também riqueza junto dos pescadores, ao serem compensados pela sua participação”, especificou.
PATRIMÓNIO ÚNICO
Fronteira natural entre os dois países, o rio internacional concentra, nas duas margens, só no troço de 37 quilómetros, entre Monção, e Melgaço, cerca de 900 pesqueiras, “engenhosas armadilhas” da lampreia, do sável, da truta, do salmão ou da savelha. Das 900 pesqueiras existentes no rio Minho, em Portugal estão activas 160 e, do lado espanhol, cerca de 90.
“São um património único no Alto Minho e, no país. A sua importância incalculável levou que a Câmara de Melgaço lançasse a candidatura das pesqueiras do rio Minho ao registo nacional de património imaterial. Actualmente, o processo está a ser conduzido pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho e, a qualquer momento, aguardamos essa classificação”, sublinhou Manoel Batista.
Desde a foz, em Caminha, até Melgaço, o peixe vence mais de 60 quilómetros de rio, numa viagem de luta contra a corrente que termina, para alguns exemplares, em “autênticas fortalezas” construídas a partir das margens, “armadas” com o botirão e a cabaceira, as “artes” permitidas para a captura das diferentes espécies.
PRODUTO TURÍSTICO
Manoel Batista elogiou a “visão” da Montes Laboreiro, empresa de animação turística que “opera sobretudo em Castro Laboreiro, no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), mas que tem vindo a diversificar a sua actividade para outros pontos de interesse do município”.
“Agora, do cimo da montanha, no PNPG, desce para mostrar as pesqueiras do rio Minho que são usadas para a pesca, mas que podem também contribuir para a economia do turismo e que vêm complementar a oferta já existente no concelho”, destacou.
O novo produto turístico, designado ‘A Lampreia e as Pesqueiras do Rio Minho’ já está disponível, apesar da safra da lampreia ter terminado no domingo.
“Os turistas terão oportunidade de conhecer o património e perceberem como funciona. No Inverno, e no período de pesca da lampreia, do sável e do salmão poderão observar com os pescadores, ‘in loco’, como se faz a pesca”, adiantou.
A visita “consiste em orientar os turistas pelos trilhos de acesso às pesqueiras, exemplificando todo o processo da arte da pesca, pelos próprios pescadores, desde a construção das redes até ao seu uso nas pesqueiras, contando as histórias e curiosidades sobre a arte da pesca artesanal e das construções milenares existentes nas duas margens”.
A “acção oferecerá, assim, aos turistas uma experiência associada à gastronomia, aos produtos endógenos e à descoberta das suas origens, à autenticidade do território e ao saber fazer tradicional”.
LEGENDA: Entre Monção e Melgaço existem cerca de 900 pesqueiras/ Foto Jornal C