Uma petição em defesa do “traçado original” do caminho jacobeu que liga Braga a Santiago de Compostela regista esta segunda-feira cerca 170 assinaturas. O objectivo é alertar as autoridades espanholas que um traçado diferente que não preveja a passagem por Berán, em Ourense, é “desprovido de sentido”.
O texto publicado pela Associação Jacobeia do Caminho Minhoto Ribeiro (AJCMR), na plataforma online Petição Pública, intitulado ‘Caminho de Santiago desde Braga e por Berán’, explica que o traçado, na distância de 240 quilómetros, foi apresentado em Braga, a 1 de Abril de 2017 pela AJCMR, com sede na Galiza.
O itinerário, certificado pela Igreja a 28 de Março de 2019, com o nome Caminho da Geira e dos Arrieiros, por acção de outra organização, a Associação Codeseda Viva (Galiza), prevê a passagem por Berán, a “terra natal do projecto”.
“Acontece agora que uma terceira entidade pretende a homologação pelas autoridades espanholas de um traçado diferente que, entre outros aspectos, não prevê a passagem por Berán”, lamenta a AJCMR, que lançou a petição para “recolher a solidariedade da opinião pública, em particular dos peregrinos e das autoridades ligadas ao Minho e ao Caminho de Santiago”.
O objectivo “é sensibilizar as entidades espanholas para o facto de ser desprovido de sentido o Caminho da Geira Minhoto Ribeiro/Caminho da Geira e dos Arrieiros não passar por Berán, por razões históricas documentadas e outros aspectos relevantes”, lê-se na petição.
A petição, dirigida às “autoridades civis e religiosas da Galiza”, está disponível através do link https://bit.ly/3fmhlhA.
Nela, o presidente da AJCMR, Abdón Fernández Torres, apresenta o projecto que arrancou em Outubro de 2009.
O Caminho da Geira e dos Arrieiros foi reconhecido pela Igreja no ano passado, quando o delegado de peregrinações do cabido da Catedral de Santiago, o deão Segundo L. Pérez López, assinou um certificado onde refere que o traçado cumpre “as condições de outros caminhos de peregrinação” e por isso “concede a Compostela” a quem o percorrer. Está em curso o processo de homologação pelas entidades civis.
No ano passado foi percorrido por 367 peregrinos em 10 meses. A maioria partiu de Braga (227), seguindo-se Castro Laboreiro (104), Entrimo e Ribadavia (com oito cada).
Os portugueses constituem o maior grupo (80%), havendo ainda registo da passagem de italianos, suíços, franceses, brasileiros, polacos e holandeses.
Além dos peregrinos que receberam a Compostela (e, como tal, entraram nas estatísticas), a associação Codeseda Viva considera que muitos outros o fizeram, apontando uma estimativa global de 850 pessoas.