Pico de Regalados, outrora apenas denominado Regalados, foi sede de concelho desde maio de 1513, quando D. Manuel I lhe concedeu foral tornando-o num dos mais antigos do território português. O dia 24 de outubro de 1855 marca o fim de Regalados como concelho, sendo a partir dessa data que as vinte freguesias que o compunham passaram a ser incorporadas no concelho de Vila Verde. Para que os leitores possam ter uma noção da dimensão em termos geográficos do antigo concelho de Regalados, a sua área abrangia a norte o atual território de Valdreu e Gomide e a sul freguesias como Gême ou Sabariz.
Pico de Regalados (São Paio) e Pico (São Cristóvão), atualmente freguesias separadas, constituíram aquilo que foi, outrora, a Vila de Regalados. A Câmara Municipal e o tribunal funcionaram, durante alguns séculos, no edifício pertencente aos Abreus de Regalados que foi posteriormente destruído, quase na sua totalidade, para dar lugar ao edifício atual que também funcionou, embora por poucos anos, como sede de concelho e tribunal. De facto, a família dos Abreus está intimamente ligada à história de Regalados, atualmente Pico de Regalados. Os Abreus eram senhores das terras da Pica em Merufe, concelho de Monção, sendo, por isso, também conhecidos como os Senhores do Pico, facto que levou com o decorrer dos anos a que o nome de Pico fosse também adotado e acrescentado ao nome de Regalados.
Os Abreus de Regalados foram, sem dúvida, grandes senhores pertencentes à fidalguia, senhores de vastas propriedades e com poderes de jurisdição civil e criminal em várias regiões que administravam. Vieram para Portugal com o conde D. Henrique, pai do nosso primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques, e foram uma das famílias mais importantes a nível político, económico e social no país, sobretudo a norte onde possuíam grandes títulos, tinham influência e, inclusivamente, faziam depender de si o desenvolvimento dessas regiões sobre as quais exerciam poder administrativo.
É difícil passar pela Vila do Pico de Regalados e não reparar na Casa dos Abreus, cuja construção data do século XVIII. Foi por volta de 1790 que o desembargador João José D’Abreu e Silva a herdou e a transformou no belo e vasto edifício que hoje conhecemos e cuja fachada embeleza o centro da Vila. De facto, é um edifício dotado de uma beleza extraordinária cujo interior ostenta parte da história de Vila Verde, em particular da Vila do Pico e que, por esse facto, é uma pena que não seja tão conhecido como, na verdade, deveria ser. Considero-me um privilegiado por já ter tido a oportunidade de conhecer, nos meus tempos de escola, o seu interior, por intermédio do Professor Mota Alves, e ser muito bem recebido pelo Sr. Dom João de Abreu e sua esposa, Sra. Maria Júlia Mourão Azevedo, na altura, proprietários da Casa dos Abreus de Regalados e descendentes de uma das famílias mais marcantes e influentes da história de Vila Verde.