Opinião de Rui Ferreira
Quando finalmente a pandemia nos dava alguns sinais de abrandamento, a guerra na Ucrânia voltou a tirar o sorriso dos nossos rostos e a colocar as nossas vidas num novo impasse.
Há várias gerações que não enfrentávamos uma luta que pudesse dar lugar a um conflito nuclear global e a uma vaga de hiperinflação que tivesse um impacto tão grave sobre os mercados, sobre as empresas e, consequentemente sobre o poder de compra das famílias.
Se existe alguma certeza sobre este conflito é que as empresas não vão conseguir evitar refletir o aumento dos custos com energia, gás e combustíveis no preço final dos produtos, o que já se tem verificado nas últimas semanas.
A título de exemplo, na região onde nos inserimos, temos já empresas das mais diversas áreas com as suas atividades encerradas e os seus contratos suspensos, não conseguindo suportar esta escalada e esta variabilidade de preços.
Não desvalorizando a grave devastação humanitária, que é sem dúvida o que mais afeta o nosso mundo, é a crise energética que quero focar neste breve texto.
Agora que começamos realmente a sentir os efeitos da dependência energética europeia, com os preços da eletricidade, do gás natural e dos combustíveis a atingirem máximos históricos, percebemos que apenas há uma solução possível, a médio e longo prazo: a aposta clara nos recursos, matérias e energias renováveis e na eficiência energética.
Neste âmbito, encontram-se atualmente em curso um conjunto de incentivos do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) direcionados para a transição ambiental e energética, com o objetivo de apoiar todos os intervenientes nos seus investimentos relacionados com a economia verde e, essencialmente na redução das suas faturas energéticas.
De forma breve, destaco os seguintes apoios: (a) Pessoas singulares: Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis – incentivo de 85%; (b) Comércio, Serviços, Turismo e Economia Social: Eficiência Energética em Edifícios – incentivo de 70%; (c) Indústria: Descarbonização da indústria – incentivo entre 30% e 100%.
Os apoios comunitários são essenciais para a sobrevivência da nossa economia e das nossas famílias.
Este é sem dúvida um momento em que a atuação do Governo será crucial para o nosso futuro.
Mais do que uma oportunidade de mudança, este é um desafio obrigatório a uma escala global, que funcionará como a principal ferramenta de sobrevivência nos mercados. O momento é de viragem e só nos resta abraçar o desafio.