O regresso do serviço militar obrigatório volta a estar na ordem do dia. Está, aliás, a ser discutido em alguns países europeus, como a Alemanha, a Croácia, a Roménia e os Países Baixos. Na República Checa até já foi proposta a reintrodução da medida.
A Europa tem 16 países com o serviço militar obrigatório, sendo alguns deles a Noruega, a Suécia, a Finlândia, a Letónia, a Suíça e a Grécia.
Na Dinamarca foi alargado, nos últimos meses, o recrutamento obrigatório às mulheres, sendo já obrigatório o serviço militar para homens com mais de 18 anos.
OPINIÕES DIVERGEM
Em Portugal, «o Serviço Militar Obrigatório (SMO) deve ser mais um processo de desenvolvimento e preparação para a sociedade e não um tempo inútil nas Forças Armadas», referiu ao DN o almirante Henrique Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada, esclarecendo a sua posição favorável à reintrodução daquilo que deixou de existir em Portugal há precisamente duas décadas.
Apesar de a Aliança Democrática e PS terem defendido medidas para aumentar o recrutamento e o número de efetivos, nenhum dos partidos que se apresentaram a votos nas legislativas previu o SMO como resposta para os problemas que as Forças Armadas enfrentam.
Algo que não impede que altos responsáveis militares demonstrem abertura para a sua reintrodução.
Por sua vez, as associações militares defenderam, esta segunda-feira, a valorização das carreiras como forma de resolver a atual crise de efetivos nas Forças Armadas, ao invés de uma eventual reintrodução do Serviço Militar Obrigatório
Em declarações à agência Lusa, o coronel António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), defendeu que, numa altura em que o serviço militar já é «praticamente todo profissional», a prioridade é «olhar para as condições remuneratórias, as carreiras, o apoio na doença e resolver esses problemas».
Para André Ventura, líder do CHEGA, esta «é uma questão que merece ser estudada».
O presidente do partido acrescentou ainda que o «contexto internacional mudou» e que «o país não pode viver sem forças armadas autossuficientes e firmes».
Já o Bloco de Esquerda mostra-se taxativamente contra. «A Esquerda de que faço parte mobilizou-se para acabar com o Serviço Militar Obrigatório. O seu fim foi uma vitória da juventude portuguesa», começou por escrever Fabian Figueiredo, numa partilha na rede social X.
O dirigente do Bloco de Esquerda diz que «não faz nenhum sentido equacionar a sua reintrodução», sugerindo ainda que «o problema das Forças Armadas resolve-se com valorização dos salários e carreiras».
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