O preço do bacalhau deverá aumentar em cerca de 20% em 2025 devido à redução das quotas de pesca no mar do Norte, alertou o administrador da Lugrade – Bacalhau de Coimbra SA, Joselito Lucas.
“Este ano, já estamos a atingir valores recordes no preço do bacalhau, mas a expectativa é a de que continue a subir dada a redução de quota prevista para 2025”, disse o administrador à agência Lusa.
Segundo o empresário, a quantidade de bacalhau pescado a nível global em 2025 “vai ser metade ou pouco mais de metade” daquilo que foi em 2021.
Se o aumento de preço acompanhar a redução de quota, Joselito Lucas estima um aumento de preço na casa dos 20%, embora tudo dependa da reação do consumidor e da forma como vai fazer mexer a lei da oferta e da procura.
“O bacalhau já está muito caro e com mais 20% de aumento pode provocar uma redução drástica de consumo, que obviamente preocupa todo o setor”, salientou.
As exportações de bacalhau da Noruega para Portugal desceram, este ano, nas várias categorias, mas o preço aumentou, destacando-se o bacalhau fresco, com um acréscimo de 44%, segundo dados do Conselho Norueguês das Pescas (NSC) enviados à Lusa.
“[…] Existe, de facto, um aumento do preço de exportação para Portugal a partir da Noruega e vemos que há uma clara relação entre volume e preço: há uma pequena descida no volume de exportação e um aumento no preço”, afirmou, em resposta à Lusa, o NSC.
MENOS BACALHAU DA NORUEGA
Entre janeiro e outubro, foram exportadas 14.960 toneladas de bacalhau salgado seco inteiro, um decréscimo de 7% face ao ano passado, mas o preço aumentou 8%.
Por sua vez, as exportações de bacalhau salgado verde inteiro recuaram 13% para 14.708 toneladas e o preço subiu 16%.
No caso do bacalhau congelado, as exportações atingiram 506 toneladas, 82% abaixo dos dados de 2023, enquanto o preço cresceu 24%.
Até outubro, a Noruega exportou 71 toneladas de bacalhau fresco, uma quebra de 92% e o preço aumentou 44%.
Nos primeiros nove meses do ano, de acordo com os dados avançados pelo NSC, o preço médio do bacalhau para o consumidor manteve-se “num nível normal em comparação com o ano passado”.
Já entre janeiro e agosto, o preço médio foi inferior ao de 2023, com exceção de setembro.
Contudo, no retalho os preços estão agora a aumentar, sobretudo nos tamanhos maiores e nos produtos especiais para o Natal.
CONSUMO A AUMENTAR
Já o consumo, em Portugal, tem vindo a aumentar em todas as categorias de bacalhau salgado seco tradicional, mas no bacalhau congelado a tendência não foi tão linear.
Este ano, foram compradas 748 toneladas de bacalhau corrente (mais 10%), 4.317 toneladas de bacalhau crescido (57%), 1.894 toneladas de bacalhau graúdo (25%) e 554 toneladas de bacalhau especial (7%).
No que diz respeito ao bacalhau congelado, verifica-se que foram compradas 2.298 toneladas em postas (41%), 1.328 toneladas de lombos (24%), 885 toneladas de bacalhau congelado desfiado (16%) e 722 toneladas de caldeirada (13%).
Em Portugal, o consumo ‘per capita’ de todos os produtos de bacalhau ronda os 15 quilogramas (kg).
O NSC, empresa pública que pertence ao Ministério do Comércio, Indústrias e Pescas da Noruega, acredita que este nível venha a reduzir-se este ano.
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