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Professor da UMinho apela para mais literacia nas sondagens eleitorais

Com as eleições autárquicas e presidenciais a aproximarem-se em Portugal, um professor da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM) defende que eleitores, jornalistas e decisores devem ajudar a evitar interpretações precipitadas dos resultados das sondagens.

«As sondagens eleitorais contribuem para influenciar a opinião pública e as políticas, mas têm margens de erro, limites nas amostras e metodologias estatísticas próprias», explica Paulo Alexandre Pereira, do Departamento de Matemática e Aplicações da ECUM. 

O docente cita as eleições legislativas de maio de 2025 como exemplo. «As sondagens realizadas, em especial do CESOP/Universidade Católica, não estiveram erradas, a sociedade é que talvez não as leu com atenção», afirma. Por exemplo, o vencedor era o esperado (Aliança Democrática) e a disputa pelo segundo lugar (Partido Socialista vs. Chega) manteve-se na margem de erro de 2.65%.

Entre os fatores para discrepâncias pontuais nas sondagens, o investigador aponta a exclusão de segmentos da população devido à recolha de dados ser por telemóvel (muitos idosos só usam telefone); para o desequilíbrio de género (mulheres em minoria); para muitos respondentes indecisos, em fase de forte polarização política; e para baixas taxas de resposta (cerca de 25%), podendo comprometer a representatividade do trabalho.

 O matemático da UMinho propôs um modelo transparente de análise, assente na redistribuição proporcional das intenções diretas de voto e considerando só os inquiridos certos de que iriam votar. O objetivo é aproximar os dados aos resultados oficiais e torná-los compreensíveis para o público. «A maior diferença entre modelos de sondagens nestas legislativas deveu-se ao tratamento dado aos indecisos e à exclusão dos que declararam abstenção ou não revelaram a intenção de voto», explica. O tema está a ser alvo de estudo na disciplina Sondagens e Técnicas de Amostragem, da licenciatura em Estatística Aplicada da UMinho.

Paulo A. Pereira realça que as sondagens são úteis para «informar, esclarecer e apoiar decisões», mas não estão isentas de críticas e por vezes há até acusações de manipulação.

«Os erros não resultam de má-fé académica, mas das limitações naturais do método, que podem ser agravadas por interpretações apressadas ou politizadas, pois as sondagens não são bolas de cristal nem previsões absolutas», destaca. O investigador insiste, por isso, que é preciso interpretar «com espírito crítico, conhecimento técnico e prudência analítica».

ovilaverdense@gmail.com

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