Oitenta e um professores e investigadores da Universidade do Minho (UMinho) subscreveram uma carta em que alertam para a “urgência” de a universidade, através dos seus órgãos de topo, “tomar uma posição inequívoca e substantiva sobre o genocídio em Gaza”.
No documento que foi enviado esta segunda-feira ao reitor, Rui Vieira de Castro, e à presidente do Conselho Geral da UMinho, Joana Marques Vidal, os subscritores lembram que “o terror progride em Gaza”, onde já se registaram “mais de 37 mil mortos, dos quais 20 mil crianças”, além de haver “70% das estruturas civis destruídas”.
“A fome e a sede usadas como armas de guerra. Simultaneamente, a arbitrariedade e a violência acentuam-se de forma intolerável nos territórios ocupados de toda a Palestina. É neste contexto que os abaixo-assinados, professores/as e investigadores/as da Universidade do Minho, querem publicamente manifestar-se solidários e próximos dos muitos milhares de vítimas do genocídio em curso”, refere o texto.
Os signatários do documento congratulam-se com as “posições desassombradas” assumidas por estudantes em todo o mundo e, também, em Portugal e na própria Universidade do Minho, considerando que “são as suas vozes que, no meio de um ensurdecedor silêncio, e por vezes enfrentando a agressão policial, se têm erguido contra a metódica destruição de Gaza e a violência extrema que há décadas se exerce sobre a Palestina”.
“Queremos reafirmar as universidades, e, de forma particular, a nossa, como lugares de procura e liberdade, de dissenso e de saber, de tolerância, respeito pelo outro e defesa daquilo que nos faz humanos. Sem polícia nos campi nem subserviência”, acrescenta a carta.
SUSPENDER COOPERAÇÃO COM ISRAEL
Por isso, os professores e investigadores que assinaram o documento apelam às “instâncias de governo da universidade” que assumam uma “posição pública e inequívoca contra o genocídio em curso, como no passado fez sobre a invasão da Ucrânia de uma forma cuja celeridade e assertividade contrastam inexplicavelmente com o silêncio que até agora manteve sobre a tragédia da Palestina”, dizendo ter “vergonha alheia desse silêncio”.
Pede ainda que a UMinho “suspenda toda a cooperação com o Estado de Israel e com todas as empresas e instituições académicas israelitas, que, de qualquer forma, contribuam para a ocupação, o terror e a violação grosseira do direito humanitário internacional” e que “se faça disponível para cooperar com as instituições de ensino, investigação e cultura palestinianas – universidades, museus, escolas, bibliotecas, muitas já completamente destruídas, contribuindo para a sua preservação e reconstrução, assim como para acolher estudantes palestinianos que aqui procurem refúgio”.
O texto apela igualmente a que a academia minhota “não exiba, sob que pretexto for, em nenhum lugar dos campi nem em nenhuma cerimónia académica a bandeira ou qualquer outra insígnia do agressor” e que “não pactue com o muro de silêncio que insidiosamente se ergue sobre o genocídio, mas antes exerça toda a sua capacidade de influência para exigir um cessar fogo imediato, incondicional e definitivo”.