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Projecto do IPCA na área da Inteligência Artificial vai ajudar a «prevenir o abandono escolar»

A utilização da inteligência artificial para reduzir o abandono e aumentar o sucesso académico é uma realidade muito perto de acontecer, graças a um projecto inovador que está a ser desenvolvido no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), em Barcelos, e que deverá entrar em fase experimental já no próximo ano lectivo.

O Observatório Permanente do Abandono e Sucesso Escolar (OPAS) envolve o trabalho de uma equipa multidisciplinar liderada pelo Laboratório de Inteligência Artificial Aplicada (2Ai) do IPCA, que inclui, também, investigadores da área da ciência dos dados, da inteligência empresarial (“business intelligence”) e, ainda, membros da estrutura institucional.

Segundo a vice-presidente do IPCA, Patrícia Gomes, «a grande inovação do OPAS é a capacidade que terá de fornecer informação preditiva sobre a probabilidade de um determinado estudante abandonar os estudos, permitindo à instituição tomar medidas preventivas que invertam a situação. Trata-se de capacitar as estruturas organizacionais e institucionais para lidar com este problema que tenderá a agravar-se no período de recuperação económica e social após a pandemia».

No âmbito do OPAS foram identificadas inúmeras variáveis que, analisadas através de um modelo matemático, vão permitir classificar perfis de risco e sinalizar os estudantes com maior probabilidade de abandonar os seus estudos.

«Quando tal identificação ocorre, será acionado um mecanismo de alerta que será analisado pelo GAPSA e encaminhado para os interlocutores adequados na intervenção, seja o director de curso, o Director da Escola, o Provedor do Estudante, o serviço de apoio psicológico, ou outros agentes, e a partir daí entrarão em acção os mecanismos previamente definidos, nomeadamente o contacto directo com o estudante», explica Patrícia Gomes.

A acção do IPCA poderá também passar pela «intervenção dos Serviços de Acção Social, através da atribuição de uma Bolsa de apoio e incentivo ao estudo, do apoio do Fundo de Emergência, ou da Bolsa de Colaboradores, caso o risco de abandono esteja associado a dificuldades financeiras», pode ler-se em nota enviada.

A vice-presidente do IPCA adianta outros exemplos: «Podem, também, ser tomadas medidas de cariz mais pedagógico ou de apoio ao estudo. Por exemplo, a criação de oficinas de apoio ao estudo em áreas de maior dificuldade como a matemática, línguas, entre outros. Estas oficinas serão um auxílio fundamental para um estudante que esteja a revelar dificuldades numa área nuclear e que estão a impedir que tenha sucesso escolar podendo mesmo conduzir ao abandono. Este programa de apoio incluirá também os estudantes internacionais que revelam problemas de aprendizagem em matérias básicas nos cursos que a Instituição oferece».

Esta realidade, que está «perto de acontecer, eventualmente a título experimental já a partir de Setembro», representa uma «grande evolução em relação ao passado».

«Sentimos que este era o cerne da questão. Nós estamos sempre a actuar já muito depois do acontecimento, ou seja, de o estudante ter abandonado. Por muita eficácia que tivéssemos na obtenção dos dados, sentíamos a necessidade de um modelo mais preditivo, que analisasse as variáveis com recurso à inteligência artificial e ciência dos dados e que nos permitisse prever um problema», denota Patrícia Gomes.

O desenvolvimento do OPAS foi alvo de uma candidatura do IPCA a financiamento no âmbito do COMPETE 2020 (Programa Operacional de Competitividade e Internacionalização), através da Agência para a Modernização Administrativa (AMA).

Com um custo total de «288 mil euros, é financiado em 85 por cento, beneficiando do apoio público nacional (43,2 mil euros) e da União Europeia (244,8 mil euros)».

Em termos institucionais, a vice-presidente do IPCA situa o OPAS num «contexto estratégico alargado», que envolveu já a «criação de um Gabinete para a Promoção do Sucesso Académico (GAPSA), a implementação de um programa de mentoria destinado a promover a integração dos novos estudantes pelos seus pares (InIPCA), a aposta em apoios sociais directos e indirectos e, ainda, a capacitação para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem».

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