Texto de Luís Sousa
(Médico)
As quedas são um problema grave e comum entre idosos, porém, muitas vezes, podem ser evitadas com medidas simples. Mais de 27% das pessoas com 65 anos ou mais sofrem quedas e destas, 10% sofrem lesões que podem ser sérias, desde fraturas até complicações que reduzem a autonomia e acabam por conduzir o idoso à degradação do estado geral.
As quedas são a principal causa de lesões traumáticas nos idosos. Fraturas da anca, da coluna, bacia, costelas, do punho e traumatismos cranianos após uma queda são riscos reais. Além disso, o medo de cair novamente pode levar à redução de atividades físicas, criando um ciclo prejudicial à saúde.
Alguns fatores de risco não podem ser alterados, como a idade avançada ou condições clínicas como demência. Porém, muitos outros podem ser ajustados ou modificados, contribuindo para a sua prevenção.
Importa, em primeiro lugar, cuidar e tratar dos problemas de visão e audição, fazendo as consultas e avaliações regulares e necessárias de oftalmologia e/ou otorrinolaringologia. Um idoso pode cair, simplesmente, porque vê mal!
Alguns medicamentos, pelo seu efeito terapêutico ou secundário (benzodiazepinas, por exemplo) aumentam o risco de quedas. Importa que, a cada consulta com o médico de família, seja feita uma revisão da terapêutica, ajustando-se as doses e a medicação conforme seja necessário. Uma dosagem excessiva de um medicamento para a tensão arterial pode, pelo efeito hipotensivo, causar tonturas e originar uma queda! O álcool também é um fator a ter em conta. Sabe-se que adultos mais velhos consumidores de álcool sofrem traumatismos cranianos com maior probabilidade do que os que aqueles que evitam o álcool.
Também a atividade física é aconselhável pois contribui para a melhoria do equilíbrio e da força muscular. Podemos até dizer que o exercício está à distância de um clique pois existem, atualmente, vários aplicativos para telemóvel que ajudam a promover a mobilidade sem sair de casa, fazendo dela o seu próprio ginásio. A hidroginástica, sendo benéfica, não chega. São necessárias atividades que aumentem a massa muscular.
Há, ainda, outro aspeto que deve ser tido em consideração. Tem a ver com modificações nas condições das habitações que podem fazer a diferença: Importa promover uma boa iluminação dos interiores das casas; devem ser retirados tapetes ou, em alternativa, promover a sua fixação ao chão e evitar a existência de obstáculos nos locais de passagem, como fios ou outros objetos. Nas casas de banho podem ser colocadas barras de apoio, na banheira ou junto às sanitas. As escadas devem possuir corrimões, se possível dos dois lados, garantindo também que os degraus estão bem iluminados.
Os dispositivos de assistência para os idosos, como os andarilhos por exemplo, podem ajudar a prevenir as quedas. Porém, importa saber como os utilizar pois o mau uso destes dispositivos pode ser contraproducente e aumentar o risco de queda.
Movimentar-se é a melhor forma de manter a autonomia. Prevenir as quedas não é só evitar acidentes. É também cuidar da saúde e preservar a qualidade de vida.