O desejo de ter o Regadio Sabariz-Cabanelas a funcionar em pleno e com as condições que a agricultura exige nos dias de hoje, suportada pelo processo evolutivo e de reestruturação que atravessou, é longínquo.
Conta o “caminho da água” que da “nascente ao ribeiro” os anos se foram passando, esmorecendo a esperança de quem lá trabalha. 22 anos volvidos, o horizonte é mais nítido. O sistema arrancou não de forma perfeita, mas está a cumprir e até a surpreender, até ao momento, os seus utilizadores.
Em conversa com o jornal “O Vilaverdense”, durante uma visita ao local, o presidente da Associação de Beneficiários do Regadio do Cávado, Fernando Xavier, começou por afirmar que o início de actividade com este novo sistema de rega tem sido «tecnicamente um pouco conturbado, pois é óbvio que ninguém estava preparado para uma infra-estrutura destas».
«É normal, mas o que aqui está instalado é um enorme benefício, seja em termos de técnicas de regadio ou logística. Estamos no rumo do progresso e olhando a todas as dificuldades que tivemos dou uma nota positiva a todos aqueles que estiveram envolvidos. Temos dado a volta por cima e passado um tempo desde o início da actividade encaro a situação de forma positiva», refere.
Segundo o responsável, «não há nenhum agricultor que esteja a regar com a sua fonte própria de captação de água. Toda a gente está a utilizar o regadio e aqui se comprova aquilo que dizíamos e a falta que ele fazia».
Fernando Xavier aponta ainda a redução de custos e a eficácia do sistema como algumas das vantagens que este sistema possibilita.
«Este ano, o gasóleo agrícola está três vezes mais caro do que no ano passado. Só aqui existe uma economia brutal e substancial. Depois, a qualidade da rega, através de um sistema que está a ser implementado e que se faz notar no consumo da água, na qualidade da rega e na forma das pessoas se organizarem», destaca.
Para o presidente da Associação de Beneficiários do Regadio do Cávado, trata-se de um «sistema de rega inovador e eficiente».
«Funcionou e hoje temos um sistema de rega inovador, eficiente e eficaz, quer em termos de estrutura, quer ao nível laboral, financeiro, económico e também social, pois apesar de abarcar quatro freguesias do sul do concelho acaba por ser um benefício para o seu todo», frisou.
VIABILIDADE DA AGRICULTURA
Questionada sobre o arranque da actividade já com o novo sistema de rega e com base no “feedback” que vai tendo dos agricultores, a presidente de Junta de Freguesia de Cabanelas, Anabela Rei, traça um «balanço positivo».
«A viabilidade da agricultura passa por este sistema de regadio, acabando por se fazer aqui um controlo do consumo de água e dos custos associados ao trabalho, não esquecendo a componente climatérica. Este sistema veio beneficiar e ajudar os agricultores e neste momento consegue-se perceber isso mesmo, pois as pessoas estão satisfeitas. Conseguimos perceber que vários agricultores fazem rega ao mesmo tempo, já que existe essa capacidade», sublinhou.
A autarca lembrou que o processo ainda está «no início» e que esta é uma infra-estrutura nova e que requer adaptação por parte dos seus utilizadores.
«Tenho a certeza de que é algo que vai beneficiar a nossa terra e irá acabar por puxar outro tipo de cultivos e empresários que pretendam instalar-se cá. Tudo isto potencia uma nova procura por parte de investidores e empresas para se implementarem neste local e assim fazer crescer a freguesia e o concelho», realçou.
Reportagem completa publicada na edição impressa de Agosto.
